Férias digitais 3: o conceito “nomophobia”
Mais uma vez, desliguei o meu celular dia 27 de dezembro e só tornei a ligá-lo no dia 7 de janeiro quando voltei da praia
Mais uma vez, desliguei o meu celular dia 27 de dezembro e só tornei a ligá-lo no dia 7 de janeiro quando voltei da praia
Já está virando uma tradição esta minha vontade de ficar totalmente off-line no período festivo. Mais uma vez, desliguei o meu celular dia 27 de dezembro e só tornei a ligá-lo no dia 7 de janeiro quando voltei da praia. Digital detox, falam alguns. Outros falam em abstinência digital. O Cambridge Dictionary elegeu “nomophobia” como a palavra do ano 2018. Em português, nomofobia significa o medo de ficar desconectado.
Primeiro: não sabia que dicionários elegiam palavras do ano! Mas está valendo, boa iniciativa. Segundo: este é o meu terceiro ano seguido que tenho o mesmo comportamento e já tenho até algumas estatísticas pessoais em relação às interações digitais que deixem de ver/acessar/assistir/ler/curtir ou qualquer outro verbo que se adeque a este mundo digital em que vivemos.
Vamos a elas: de 2017 para 2018, as minhas interações digitais (ou não interações digitais, pois, pró-ativamente, não acessei/retornei nenhuma delas) nos mesmos dez dias de não conexão aumentaram 96%. Isso foi devido à “explosão” de utilização no WhatsApp que, em 2017, não tinha ainda a penetração que a ferramenta possui hoje. Comparando 2018 com 2019, as interações digitais só aumentaram 3% (de 5.612 para 5.767 no total). Acho que a principal diferença agora, se não foi quantitativa, foi qualitativa. Com essas 5.767 interações não respondidas, tive problemas quando fui religar o meu aparelho pois, pela quantidade de vídeos nos diversos grupos que participo, aconteceu um estouro da memória do aparelho. Ou seja, se em 2017/18 o WhatsApp se firmava como um aplicativo muito utilizada, agora em 2018/19, está quase se transformando em um canal de televisão, dada a quantidade de informações em vídeo circulando por ele.
Mas o que tiramos de conclusão disso tudo? Hoje, com sete bilhões de celulares no mundo, creio que essa angústia ou dependência em relação à utilização dos nossos smartphones deve estar levando um número maior de pessoas a ampliarem a sua ansiedade ou compulsão por informações. Na maioria das vezes, informações com média ou baixa relevância (em alguns grupos que estou, total falta de relevância!). O que será que melhoram ou pioram as nossas vidas? No meu caso, depois da contabilidade das interações digitais, deletei todas sem exceção. Ok! Alguns e-mails, tive que responder. Algumas mensagens pessoais, tive que dar um sinal de vida… Mas a maioria das informações eram descartáveis e talvez até desnecessárias. E você? Se sente desconfortável ou atraído por esse tipo de comportamento?
Na praia em que tenho casa no litoral norte de São Paulo, existe o hábito de todos saírem das suas moradias e caminhar até à beira-mar próximo à meia-noite. Nesta noite específica, a praia é toda decorada com tochas acessas, 99% das pessoas caminham até chegar lá e utilizavam os seus celulares como lanterna para iluminar os caminhos. Ok! Um smartphone não funciona só para interações digitais, mas a máxima que eles “ aproximam quem está longe mas afasta quem está perto”, na minha opinião, é muito verdade. Como nós, profissionais de marketing, devemos lidar com isso? Moderar para evitar que aconteça uma fuga em massa? Aprofundar as ações, pois estamos passando por uma mudança geracional e comportamental? O que fazer?
Não consegui abrir uma lata de cerveja na praia com o meu celular…ainda.
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