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Opinião

Guia rápido para não assassinar sua reputação

Proteger nossos valores e credibilidade é o que nos permite ser autênticos


29 de outubro de 2019 - 12h00

(Crédito: Erhui/ iStock)

“It takes 20 years to build a reputation and five minutes to ruin it. If you think about that, you’ll do things differently”. A frase não é minha, mas do megainvestidor Warren Buffett. Pena que pessoas como o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o fundador e ex-CEO da WeWork, Adam Neumann, para ficar em dois exemplos recentes, aparentemente, nunca tenham ouvido falar nela.

Reputação faz diferença. É, possivelmente, o ativo mais importante do mundo. As empresas já começaram a perceber isso. Uma recente pesquisa do Grupo Havas descobriu que as 15 principais bolsas de valores do mundo devem mais de um terço de sua avaliação às reputações corporativas. O que significa um valor de US$ 16,77 trilhões para os acionistas.

Se pessoas tivessem uma forma parecida de medir o quanto suas reputações valem, e levassem isso em conta como um balizador de seus comportamentos, provavelmente, as redes sociais ficariam vazias.

Não é novidade que a internet e os smartphones mudaram a nossa relação com a informação. Hoje, todo mundo é produtor e disseminador de conteúdo. Mas um grande poder exige uma grande responsabilidade (certo, tio Ben?), e ela, aparentemente, anda esquecida.

Então, compartilho algumas dicas para você não maltratar a sua reputação — aquela sua melhor amiga distante que você, às vezes, esquece, mas que faz a diferença na hora que mais precisa.

1. Entenda qual é sua reputação
Reputação é a opinião, ou a avaliação social, que os outros têm de você. Sendo assim, para saber qual é a sua, você precisa entender o que os outros andam falando sobre você. Qual foi a última vez que você fez isso? É um paradoxo: sabemos que o que os outros falam da gente vale mais, socialmente, do que o que falamos sobre nós mesmos. Essa é a base de quase tudo na vida: reconhecimentos profissionais, investimentos, decidir em qual restaurante comer ou para onde viajar, relacionamentos. Mas quase sempre entramos em conflito quando alguém discorda ou fala mal de nós. Antes de fazer qualquer coisa, deveríamos levar isso em consideração. Qual é minha reputação? Tenho uma moeda social valiosa o suficiente para falar do assunto que eu quero? Quais meus limites?

2. Pense antes de agir
OK, sei que parece uma daquelas frases batidas de autoajuda, mas nunca foi tão válida. Tem a ver com a primeira dica: se eu sei qual é a minha reputação e entendi qual é a credibilidade que tenho para falar do assunto que quero, não significa que posso sair falando deliberadamente. Tenho que levar em consideração uma série de fatores, tais como:

— Meus interlocutores: as pessoas para quem vou falar conhecem a minha reputação? Sabem da minha história e realizações? Qual seu nível de conhecimento? Posso ser mais técnico, profundo, raso ou didático?

— Minha credibilidade: está “em dia”? Sou uma pessoa acima do bem e do mal para falar o que quiser sem me preocupar com as consequências? Ou sou suscetível a arranhões na minha imagem?

— Meu assunto: o tema sobre o qual vou me manifestar faz sentido? Tenho domínio ou bom conhecimento dele? Verifiquei as informações antes de passá-las adiante? Entendi o contexto antes de sair criticando?

— Meu bom senso: estou dando voz a algo falso, preconceituoso ou ofensivo? Escolhi fontes apropriadas e de credibilidade? Estou violando alguma lei, regra tácita ou “passando da linha” em algum julgamento? Meu tom está certo?

3. Saiba que você está sendo julgado — hoje e sempre
Por fim, essa é provavelmente a dica mais valiosa e a mais sensível de todas: estamos à mercê do tribunal de opiniões que as pessoas têm sobre nós, e isso nunca vai mudar. Estamos sempre sendo julgados, seja pelo que falamos ou deixamos de falar. E, não, não existe resposta ou comportamentos certos: sempre existirão aqueles que vão nos detonar.

Saber que os detratores são tão importantes quanto aqueles que nos aplaudem é essencial. É o que nos permite manter nossa integridade moral. Proteger nossos valores e credibilidade. E é o que nos permite ser autênticos. Se toda unanimidade é burra, toda sumidade tende a ser cega e surda — e é aí, justamente nesse ponto, que as reputações começam a ser autodestruídas.

*Crédito da foto no topo: mrPliskin/istock

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