Apressão do prazo curto, a luta para superar um obstáculo inesperado ou a busca por bater uma meta ambiciosa. São
inúmeras as situações desencadeadoras da tensão criativa. Alguns autores a definem como sendo a força que nos leva da realidade na qual nos encontramos até o ponto ao qual queremos chegar. Um hiato que também pode ser uma fonte de energia capaz de ajudar a vencer restrições — como as equações de tempo e verbas — típicas das trilhas que podem nos levam a encontrar soluções para os problemas propostos. Em atividades da economia criativa, como a publicidade, o marketing e a produção de conteúdo, a tensão criativa é a hora em que a ideia deixa a incubação e ganha vida, estimulada pela ginástica da imaginação, mas também pelo suor da tentativa e erro.
Quando estão diante de uma situação desafiadora, que exige respostas inovadoras, ambiciosas e genuínas, os profissionais precisam desenvolver dinâmicas diversas para driblar o estresse e a ansiedade, que, em muitos casos, causam situações de bloqueio mental, conflito ou desequilíbrio. Entre os expedientes recomendados por especialistas para sair da superficialidade e fazer com que a tensão se transforme em impulso está o de se deixar estimular pelo desconforto. Algo ainda mais crucial em um contexto complexo como o atual, no qual o caos intrínseco a atividades criativas é altamente impactado pela tecnologia, com ferramentas que simulam o ofício humano e instalam o trabalho colaborativo entre pessoas e máquinas, e pelas mudanças comportamentais no consumo da população e seu relacionamento com as mídias. Cenário esse que aumenta a responsabilidade dos líderes em relação à saúde mental coletiva, pois o desempenho profissional é também impactado e influenciado pelas tensões culturais, políticas e sociais que nos circundam.
Como os profissionais da publicidade, do entretenimento e produtores de conteúdo lidam com a tensão criativa em demandas múltiplas tais quais mensagens massivas para audiência polarizada ou formatos ágeis e efêmeros das plataformas digitais? Como a geração mais ativista, que prioriza o senso de propósito, trata a questão? E em grupos minorizados, como essa circunstância é enfrentada, em adição às demais fricções sociais que os rodeiam? Reportagens e entrevistas desta edição que comemora os 45 anos de Meio & Mensagem abordam os aprendizados, as mudanças de comportamento e os novos hábitos dos ambientes de trabalho criativos.
O especial ocupa as páginas 82 a 126 e inclui artigos de quatro autores convidados a expressarem seus pontos de vista sobre o tema: Joanna Monteiro, CCO da Publicis Toronto; Dilma Campos, CEO da Outra Praia e head de ESG da BPartners.co; Pedro Garcia, consultor de criatividade, fundador do Estúdio Fatumbi e indicado ao prêmio Jabuti por seu livro Emoção Criativa; e Gian Martinez, cofundador e CEO da Winnin. A pedido da redação, quatro diretores de arte também deram suas interpretações à tensão criativa e têm ilustrações publicadas ao longo desta edição: Marina Tonon, da CP+B Brasil (pág. 82), Andrea Souza, da Wieden + Kennedy (pág. 84), Luã Campos, da Gana (pág. 94) e André Gola, que no início do ano passou a se dedicar integralmente ao seu estúdio Gola Drawings e fez o desenho que estampa a capa.
O conteúdo especial se completa com entrevistas com a influenciadora Bianca Andrade, CEO da Boca Rosa Company; e com a cantora e apresentadora Ivete Sangalo, personagem da seção Entrevista Coletiva, das páginas 128 a 132, que, mesmo em férias, após o término das gravações da temporada deste ano do programa The Masked Singer Brasil, da Globo, encontrou tempo para responder, no início deste mês, perguntas feitas por personalidades e líderes do mercado convidados por Meio & Mensagem, como Sabrina Sato, João Marcelo Bôscoli e Tiago Leifert.
Na publicidade, no marketing de influência, na música ou na TV, os personagens que compõem esta edição especial de aniversário de Meio & Mensagem reafirmam o valor da criatividade pertinente e popular como principal pilar de sustentação de toda a indústria, que se renova com times mais diversos, diálogos multidisciplinares mais atentos e engajados e dinâmicas de trabalho mais colaborativas, horizontais e flexíveis — o que nos aponta um futuro promissor.
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