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Opinião

Ilusão: agência em concorrência e cidade em véspera de eleição

Depois do pleito, ou da concorrência, o que fica é a dura realidade das relações diárias


10 de outubro de 2024 - 14h00

Com a proximidade do pleito municipal, as cidades parecem correr contra o tempo. Tudo funciona. As obras estão a todo vapor e as entregas acontecem no prazo. Tudo bonitinho – antes das urnas abrirem para votação.

Do outro lado, aqueles que tentam ocupar os cargos, e não estão na “situação”, soltam para o mundo centenas de projetos e uma pilha de ideias espetaculares que criam um cenário perfeito e prometem transformar qualquer cidade em um paraíso na terra. As filas vão acabar, as obras vão acontecer, a saúde vai se resolver e a educação vai ser espetacular.

Nos comitês de campanha, em ambos os lados, os mais altos escalões se reúnem para discutir caminhos e propostas para convencer as pessoas de que tudo aquilo que acontece entre setembro e novembro é a melhor escolha para elas. O céu é o limite, os planos de governo manobram as planilhas para fazer tudo caber no orçamento. O mantra é só um: pensar fora da caixa.

Pois, então.

É mais ou menos isso que acontece quando uma marca abre um processo de concorrência para encontrar uma nova agência de comunicação para sua conta. Mudam os atores, mas o enredo é praticamente o mesmo.

Depois do pleito, ou da concorrência, o que fica é a dura realidade das relações diárias. O político não visita mais o bairro, a obra custa a sair do papel e as pilhas de ideias inovadoras são sufocadas pelo rolo compressor da burocracia e da rotina.

Até que um dia, mais uma vez, chega a hora de outra eleição.

A gente não pode mudar a forma como a campanha eleitoral acontece. Mas devemos conhecer o histórico dos candidatos, saber qual a forma que eles costumam atuar e quem são os parceiros da gestão. E, claro, precisamos acompanhar e cobrar cada gestão, para quando chegar na hora de escolher não cairmos em ilusão.

Mudar essa lógica das eleições é mais difícil e não depende de poucas pessoas. Mas talvez a gente consiga começar a mudar a atual forma de escolher agências – e não é uma missão tão difícil quanto se pensa. Basta criarmos processos que valorizem mais o histórico das agências e menos o “show do momento”.

O DNA da agência, o jeitão de fazer as coisas e a condução dos problemas: tudo isso fala muito mais sobre como será sua relação do que um belo e caro ppt. Falamos de concorrências que valorizem parcerias comerciais claras e transparentes, muito além de uma meta de suprimentos.

Talvez, trocar apenas a relação de fornecedor para parceiros – mas isso não só da boca pra fora. E, sim, na hora de pensar em temas como prazos de pagamento, construção de longo prazo, divisão de resultados e tantos outros detalhes que valorizam relações.

Nós, como cidadãos, precisamos votar. As agências precisam participar de concorrências. Então, em um caso ou outro, que seja com menos ilusão e mais ação.

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