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Opinião

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Convivência de gerações com ambições distintas impõe desafios à gestão de pessoas, em uma indústria dependente da criatividade humana e da diversidade cultural e social dos talentos que instigam sua evolução


9 de abril de 2024 - 14h00

Em indústrias como a de comunicação, marketing e mídia, que dependem do talento humano para criar e produzir seus produtos e serviços, com execuções — na maioria das vezes — coletivas, os ambientes de trabalho são cruciais para determinar a evolução de profissionais e empresas. Apesar dos avanços da tecnologia e de novas aplicações de inteligência artificial, as ideias de projetos e ações brotam da mente humana e objetivam atingir as emoções e os comportamentos de pessoas — o engajamento do público, a preferência dos consumidores, a fidelidade dos assinantes. Sendo assim, nada mais desejável que as equipes envolvidas na criação e produção reflitam a diversidade da população, que, em se tratando de Brasil, é enorme.

Várias pesquisas já comprovaram que times plurais, que combinam experiências e ambições diferentes, têm mais condições de encontrar soluções e propor caminhos para desafios mutantes, constantemente impactados pela acelerada oferta de novidades. Entretanto, se é fato que a manutenção de equipes diversas deixou os discursos do mercado mais contemporâneos e sintonizados com cobranças da sociedade, na prática, a gestão de times com profissionais dos 20 aos 80 anos não é simples.

Com a taxa de desemprego oficial abaixo de 8% (segundo o IBGE o País fechou o ano passado com índice de 7,8%, o menor desde 2014), contrasta o recorde de demissões voluntárias de 2023 (34% dos desligamentos ocorreram a pedido dos funcionários, de acordo com levantamento da LCA Consultores). A manutenção do dinamismo econômico pode fazer com que o País atinja, nos próximos anos, a situação de pleno emprego, com a ocupação quase que total da força de trabalho disponível. Nesse cenário em que há absorção de mão de obra jovem e o aumento da expectativa de vida mantém as pessoas ativas por mais tempo, muitos ambientes de trabalho suportam, atualmente, a convivência de quatro gerações diferentes: os baby boomers (nascidos entre 1940 e 1960), geração X (1960 e 1980), geração Y ou millennials (1980 e 1995) e geração Z (1995 e 2010).

Mesmo considerando que, muitas vezes, esses agrupamentos são artificiais e generalizam comportamentos, há momentos em que se chocam gerações habituadas com carreiras mais lineares e outras menos subservientes. Quando bem geridos, os conflitos podem ser benéficos, com diferentes pontos de vista servindo como estímulo ao debate e troca de experiências. Entretanto, se em outros tempos a ambição de quem ingressava no mercado de trabalho era avançar com jornadas parecidas com as trilhadas pelos que estavam próximos da aposentadoria, com valorizações de questões como estabilidade e carreiras progressivas, em que os degraus acima significavam melhor remuneração, hoje, o caldo é muito menos homogêneo. As percepções dos novos entrantes sobre em que lugar se deseja estar nas hierarquias corporativas e a disposição ao engajamento além do básico são outras.

Os atritos causados pelo ingresso da geração Z no mercado, em um cenário em que muitos baby boomers ainda estão no auge de suas carreiras, são o tema da reportagem da jornalista Taís Farias. Especialistas analisam de que maneira questões como propósito de vida, valor da empatia e preocupação com a saúde mental estão impactando a convivência nos ambientes que mesclam jovens com pouco interesse por promoções a altos escalões e profissionais experientes para quem o trabalho é uma âncora da vida.

A reportagem desta edição abre a temporada 2024 do especial Talento, uma das verticais de conteúdo às quais Meio & Mensagem dedica atenção nos últimos anos. Disponíveis para consulta aberta no site www.meioemensagem.com.br/talento, reportagens, entrevistas, pesquisas, vídeos, rankings e listas propõem reflexões sobre o futuro do trabalho, destacam pessoas de múltiplos perfis que impulsionam a evolução do mercado brasileiro e abordam os impactos das transformações atuais no desenvolvimento das carreiras, atração e retenção de profissionais atuantes nas empresas de comunicação, marketing e mídia. O histórico, desde 2019, ajuda a compreender as mudanças recentes do mercado de trabalho sem medo da inexperiência dos que chegam, nem dos ensinamentos dos que adiam suas aposentadorias.

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