Assinar

Já foi o maestro, hoje é o explorador ágil

Buscar

Já foi o maestro, hoje é o explorador ágil

Buscar
Publicidade
Opinião

Já foi o maestro, hoje é o explorador ágil

O quanto mudou o papel dos executivos-chefes (CEOs) das empresas


12 de fevereiro de 2025 - 6h00

Na era moderna, o CEO era amplamente comparado a um maestro, uma metáfora poderosa que simbolizava liderança, cooperação e controle. Essa imagem nasceu de um modelo de gestão hierárquico e estruturado, onde a previsibilidade e a eficiência eram os pilares do sucesso organizacional. O maestro é o líder indiscutível da orquestra. Ele ocupa uma posição central, à qual todos os músicos voltam seus olhares para seguir seus gestos, batuta e expressões. Sua função vai além de apenas marcar o ritmo; ele é responsável por garantir que cada músico, cada naipe e cada nota contribua para a realização de uma interpretação fiel e inspirada pela obra, através da partitura.

Assim como um maestro conduz uma orquestra para executar uma obra musical com precisão e harmonia, o CEO organizava sua empresa com base em um planejamento estratégico detalhado, direcionando cada departamento para que trabalhasse de maneira integrada.

Para o maestro, a partitura é a base inquestionável da performance, e ele a segue fielmente. Da mesma forma, o planejamento estratégico é o guia central para o CEO. Ele estrutura a visão, as metas e as prioridades da empresa, que são inovadoras por meio de diretrizes claras. O papel do CEO é garantir que o planejamento seja executado de forma precisa, com ajustes mínimos quando necessário.

Essa visão reflete uma época em que as organizações operavam em um ambiente relativamente estável, com mercados previsíveis e mudanças graduais. O CEO era o principal responsável por garantir que todas as “partes da sinfonia” da empresa – marketing, vendas, operações, finanças – atuassem em perfeita harmonia, respeitando a “partitura” previamente definida, ou seja, o planejamento estratégico.

Hoje, na era pós-moderna, a previsibilidade deu lugar à incerteza. Transformações tecnológicas disruptivas, mudanças nas demandas dos consumidores, a globalização e crises geopolíticas realizadas em um ambiente de negócios onde as “partituras estratégicas” nunca estão concluídas.

Diante desse cenário, surge uma nova metáfora para o CEO contemporâneo, maximalista: o explorador, mas com uma característica complementar – a agilidade. Essa figura possui, como características essenciais, ser um líder que opera em um ambiente de constante mudança, onde a adaptabilidade e a coragem para navegar no desconhecido são fundamentais. Mais do que nunca, as condições em que lidera sua organização se assemelham a terrenos inexplorados. Precisa lidar com a necessidade de revisar constantemente seus planos, que antes eram tidos como certezas, e transformá-los em situações dinâmicas. A realidade dos negócios, tal como as condições de um explorador que atravessa terrenos desconhecidos, exige flexibilidade para responder a desafios inesperados e a capacidade de reavaliar o cenário à medida que novas informações surgem. Não se trata de uma fraqueza na liderança, mas de uma adaptação essencial a um ambiente que não oferece estabilidade, mas sim oportunidades escondidas em meio ao caos.

O explorador ágil, portanto, não é apenas alguém que busca novas fronteiras, mas o faz de maneira estruturada, iterativa e com foco em adaptação rápida às mudanças do ambiente.

A definição de “ágil”, amplamente popularizada por métodos de desenvolvimento e gestão, prioriza a entrega de valor contínuo, a colaboração eficiente e a capacidade de resposta ao feedback em vez de seguir rigidamente planos predefinidos. Como Darrell Rigby, Sarah Elk e Steve Berez explicam no livro “Ágil do Jeito Certo: Transformação sem caos”, a agilidade se diferencia por ser mais do que uma metodologia técnica; é uma mentalidade. Eles afirmam: “A verdadeira agilidade não está em abandonar o planejamento, mas em abraçar o planejamento contínuo, respondendo rapidamente às mudanças sem perder o foco nos objetivos principais.” Para o CEO explorador, isso significa mais do que navegar o desconhecido; significa fazê-lo com ciclos de experimentação curtos, aprendendo e ajustando com base em feedbacks frequentes.

A agilidade capacita o CEO a liderar sua equipe de maneira adaptativa, valorizando a colaboração entre equipes multidisciplinares e incentivando a experimentação. Não há tempo para decisões que demorem meses para serem inovadores ou para estratégias que dependam de um futuro incerto que pode nunca chegar. O CEO pós-moderno, maximalista, navega por terrenos desconhecidos com flexibilidade, colabora com sua equipe para interpretar o ambiente e tomar decisões rápidas, valorizando a ação sobre a perfeição. Em vez de liderar de cima para baixo, como o maestro, o explorador se integra à equipe, cocriando estratégias e adaptando-as conforme necessário. Essa abordagem não é apenas uma mudança na metáfora, mas uma transformação fundamental na forma de liderança, refletindo as demandas e os desafios únicos da era pós-moderna.

Publicidade

Compartilhe

Veja também