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Opinião

LGPD abre caminhos para a comunicação

Mau uso dos dados pessoais pelas organizações pode ter reflexos diretos em sua reputação


20 de novembro de 2020 - 19h33

(Crédito: ipopba/iStock)

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGDP) chegou para valer e está assustando muita gente. Novas obrigações se impõem às organizações, gerando custos, mexendo com processos de trabalho e, aparentemente, criando mais burocracia. Mas, para além da aparência um tanto incômoda que a Lei parece criar, é possível enxergar na LGPD um universo de oportunidades para o setor de comunicação. Revisão de práticas de tratamento de dados, combate à informalidade, melhoria de relacionamento com públicos com os quais as empresas se comunicam e combate ao uso indiscriminado de contatos pessoais estão entre as melhorias que podem ser implantadas pelos mais diversos segmentos da indústria da comunicação. É hora de revermos nossas práticas.

Para empresas do setor de comunicação corporativa, representadas pela Abracom, a nova legislação traz boas notícias. As agências lidam diariamente com dados sensíveis de pessoas físicas, aquelas que são protegidas pela LGPD. Contatos de jornalistas e influencers, dados pessoais dos clientes, dos funcionários das empresas, mailings de eventos e listas de distribuição de newsletters estão entre as muitas situações em que nossos associados fazem uso e tratamento de dados no cotidiano do atendimento a clientes públicos e privados.

Podemos afirmar seguramente que nosso setor já lida com essas informações com o máximo de zelo possível. Bons contatos com jornalistas são bem guardados pelos profissionais das agências. Mailings são preciosos, reafirmando a ideia de que dados são o petróleo do século XXI, e precisam de cuidados extras para que a legislação seja seguida fielmente e privacidade das pessoas, respeitada.

Mas é preciso ter excesso de zelo. A LGPD é um importante instrumento de proteção da cidadania. E o mau uso dos dados pessoais pelas organizações pode ter reflexos diretos em sua reputação, afetando valor de mercado, com penalidades que vão muito além das multas e sanções. E de cuidado com a reputação os profissionais de comunicação corporativa entendem muito bem.

Por isso, lidar corretamente com os dados sensíveis, criar mecanismos de proteção da informação, investir em segurança tecnológica e treinamento serão obrigações constantes de todas as organizações. E o mundo da comunicação está entre os segmentos mais diretamente afetados pela legislação que coloca o Brasil em linha com as melhores práticas internacionais de tratamento de dados.

Para orientar os associados, a Abracom contratou consultoria jurídica especializada e já lançou um guia de implantação passo a passo da LGPD no setor de comunicação. Tudo começa pela criação processos de tratamento de dados identificáveis e seguros dentro das agências, inibindo práticas que já eram consideradas equivocadas, como compartilhamento de mailings, distribuição de conteúdo para públicos que não autorizaram envios de releases e outras formas de comunicação, preservação do sigilo das informações e adoção de práticas contratuais que demonstrem que as empresas e os profissionais estão conscientes dos princípios da LGPD e os praticam em seu dia a dia. No guia, são dadas dicas sobre como implantar a cultura de tratamento de dados dentro das empresas, em um esforço que envolve funcionários, fornecedores e clientes em clima de permanente aprendizado.

Para a Abracom, a LGPD é vista como mais um poderoso instrumento de governança, em um setor que lida com a imagem de seus clientes e, por isso, deve zelar por sua própria reputação. A conformidade com princípios de tratamento correto de dados se associa a outros movimentos em curso no segmento para a adoção de políticas de compliance. O que se busca é segurança jurídica, para mostrar que a comunicação corporativa está fazendo sua parte.

**Crédito da imagem no topo: ivanastar/iStock

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