Meio cheio

16 de janeiro de 2017 - 10h43

Foto: Reprodução

A segunda semana do ano foi agitada, como se já estivéssemos em 2017 há tempos. O noticiário internacional pegou fogo com o último discurso de Barack Obama à frente da presidência dos Estados Unidos e a primeira entrevista coletiva de seu substituto, Donald Trump. A posse do novo chefe de Estado americano acontece na sexta-feira 20, em meio aos desdobramentos do escândalo da suposta influência russa na eleição de 2016 — um enredo inusitado que, ao unir política, espionagem e hackers, certamente faria sucesso em diversas séries destacadas da atualidade, como House of Cards, The Americans e Black Mirror.

Aqui no Brasil, o ano no mercado publicitário também já começou quente, com a movimentação de profissionais do alto escalão dentre os anunciantes, a definição das finalistas da concorrência de Bradesco e a escolha da CuboCC como a nova agência da C&A.

Na seara da economia, a movimentação também foi intensa e, quem diria!, com viés positivo. Foi a primeira semana, em muito tempo, com mais de uma boa notícia.

Na manhã da quarta-feira 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor – Amplo (IPCA), a inflação oficial do País, fechou 2016 em 6,29%, abaixo do teto estipulado para o período. Em dezembro, o índice ficou em 0,3%, o menor para o mês, desde 2008.

A trajetória de desaceleração inflacionária foi fundamental para que, na tarde daquele mesmo dia, o Banco Central anunciasse a redução nos juros básicos da economia pela terceira vez seguida. A novidade é que o corte estabelecido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) foi de 0,75%, o mais agressivo em quase cinco anos, colocando a taxa Selic em 13%.

Para completar, na sexta-feira 13, o mesmo Banco Central divulgou que o Índice de Atividade Econômica (IBCBr), que serve como uma prévia do resultado do Produto Interno Bruto, apresentou alta de 0,2% em novembro, na comparação com o mês anterior, interrompendo uma série de três quedas consecutivas. As estatísticas para o comércio, a produção industrial e o setor de serviços também variaram positivamente, ainda que de forma tímida.

Na contramão, impedindo que o nível de confiança na economia melhore mais rapidamente, o número de desempregados deve seguir aumentando pelo menos ao longo do primeiro semestre — esse, aliás, será o último indicador a virar a favor dos bons ventos, uma característica comum à dinâmica de retomadas econômicas

Somando todas essas pequenas vitórias, é fato que começamos 2017 com mais motivos para otimismo em relação à macroeconomia nacional e ao ambiente de negócios no Brasil do que no ano passado. Na contramão, impedindo que o nível de confiança na economia melhore mais rapidamente, o número de desempregados deve seguir aumentando pelo menos ao longo do primeiro semestre — esse, aliás, será o último indicador a virar a favor dos bons ventos, uma característica comum à dinâmica de retomadas econômicas.

Todo esse relato nada mais é que uma fotografia do momento. O surgimento de novos fatores internos (como um agravamento da instabilidade política motivado pela operação Lava Jato) ou externos (um aumento da tensão nas relações internacionais após Trump assumir a presidência americana, por exemplo) podem influenciar esse cenário ao longo do ano. Mas, ainda que o horizonte demore mais a desanuviar do que esperamos, a matéria de capa desta edição de Meio & Mensagem é a melhor prova de que é possível ser bem-sucedido mesmo sob as condições mais adversas, como as que se apresentaram em 2016.

Foi o caso da Talent, campeã em novos negócios do ano passado, e também da Publicis, da Leo Burnett Tailor Made, da Artplan, da BETC e da REF+T. De acodo com o levantamento comandado pelo editor executivo Alexandre Zaghi Lemos, as seis agências ganharam contas que acrescentaram pelo menos R$ 100 milhões nos valores de compras de mídia feitas por cada uma delas em 2016.