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Moda e marketing sem ansiedade

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Opinião

Moda e marketing sem ansiedade

Estilo e bem-estar mental devem seguir juntos


24 de janeiro de 2025 - 6h00

No cenário atual, onde a moda se transforma a cada estação e as tendências se sucedem em um ritmo alucinado, a pressão cultural para acompanhar esse fluxo incessante pode ser exaustiva. Tenho acompanhado de perto o movimento crescente, já muito pautado fora do Brasil, sobre a “fashion anxiety” (ansiedade da moda), que discute como o consumismo, o marketing e em grande parte a moda, pode gerar ansiedade nas pessoas.

Recentemente, uma pesquisa da Universidade de Stanford mostrou que 68% dos entrevistados relataram sentir-se menos estressados ao adotarem um estilo de vida mais sustentável na moda, priorizando a qualidade ao invés da quantidade. Esses números são um indicativo poderoso de que a forma como nos relacionamos com nossas roupas pode ter um impacto significativo em nosso estado emocional.

Aqui no Brasil a “ansiedade da moda” é uma realidade que afeta, principalmente, consumidores das gerações Millennial e Z, menos tradicionais e os mais recentes a adquirir poder de compra. A “fashion anxiety” é causada por essa incessante busca por novas peças e a pressão social gerada pelas redes sociais. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo. Para se ter uma ideia, aproximadamente 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica. Em seguida, aparece o Paraguai (7,6%), Noruega (7,4%), Nova Zelândia (7,3%) e Austrália (7%).

Como profissional da moda, preciso relembrar que ela foi uma das responsáveis por estabelecer a lógica de coleções e obsolescência dos produtos no século passado. Desde então, a moda vem influenciando o consumo até se tornar, atualmente, a segunda indústria mais poluente do mundo. Diante de um cenário preocupante com relação ao meio-ambiente e a ansiedade das pessoas, será que não é a própria moda que precisa novamente apresentar uma nova perspectiva de estilo de vida e consumo sem ansiedade?
Agora, falando como diretor de marketing, afirmo que é urgente que as marcas ofereçam conforto e conexão para quem não quer produtos impositivos e descartáveis. É possível fazer uma moda que seja boa para as pessoas e para o planeta e que abrace o dia-a-dia das pessoas. É aí que entra o conceito do que chamo de uma “moda sem ansiedade”, que se traduz em uma proposta de “vestir para viver”. Ele vai além da simples escolha por tecidos sustentáveis ou pela compra de marcas conscientes. Envolve toda uma mudança de mentalidade, onde cada peça adquirida é vista como um investimento em si mesmo, em vez de uma compra rotineira. O desafio, portanto, passa pelas empresas, que precisam ter ações concretas para minimizar os impactos nocivos às pessoas e ao meio-ambiente; e também pelos consumidores, que podem fazer melhores escolhas para si e para o coletivo, sem se pressionarem a seguir tendências passageiras.

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