Muito além dos KPIs
Como líderes inspiradores podem transformar métricas em significado, promovendo uma conexão emocional que transcende números
Como líderes inspiradores podem transformar métricas em significado, promovendo uma conexão emocional que transcende números
A era do “science marketing” nos devolveu algumas certezas e a possibilidade de corrigir a rota durante o voo. Mas quando os KPIs se tornam um estilo de vida, outra tecnologia nativa embarcada pode estar em risco – a da liderança inspiradora. Jacques Lacan diria que os maiores líderes não são aqueles que falam bem ou que têm resposta embasada a partir dos KPIs mais sofisticados possíveis, mas aqueles que conseguem ouvir o que não foi dito pela equipe. É como acessar um superpoder de leitura de mentes.
A IBM realizou uma pesquisa recente com 1,7 mil CEOs em 64 países e inspirar o time está no top 3 das habilidades mais desejadas em líderes. Apenas para citar um dos personagens mais celebrados na última década pela comunidade global de marketing, Simon Sinek, que propagou a mensagem do Golden Circle; a dica é focar no “porquê” das coisas e gerar uma energia de “não me diga o que fazer, mas o motivo de estarmos fazendo isso”. O tal do propósito, palavra tão desgastada em nosso vocabulário marqueteiro, que no centro da discussão antecede qualquer KPI e estaciona a liderança inspiradora em um lugar onde contexto é liberdade.
Liderar pelo porquê é fazer o time se sentir parte de algo maior, que não necessariamente é novo, pelo contrário: tem a ver com nossa necessidade humana de pertencimento e de estar dedicado a algo cuja importância você entende perfeitamente. E isso vale para tudo, inclusive na escolha de nossos ídolos. O fenômeno pop Taylor Swift nos conta isso. Em seu álbum Reputation, Taylor apresentou uma razão de viver para milhares de fãs muito mais potente que seu estilo musical. O propósito central de Taylor Swift é contar histórias pessoais através da música, refletindo suas experiências emocionais, relacionamentos e crescimento ao longo do tempo. Suas letras são intimamente ligadas às suas vivências, o que cria uma forte conexão emocional com seus fãs. Taylor prioriza a autenticidade e a conexão com seu público, criando uma sensação de intimidade através de suas canções. Ela é conhecida por compartilhar sua jornada de forma honesta, o que atrai fãs que se identificam com suas histórias. O que mais a projetou foi sua luta pela propriedade intelectual de suas músicas e por questões relacionadas ao empoderamento feminino, defendendo a importância da autonomia criativa e dos direitos dos artistas.
Não precisamos ir longe para buscar outros exemplos de liderança inspiradora. Madonna, ícone pop, mãe de todas as Taylor, é reconhecida por sua constante reinvenção artística e provocação cultural. Ela usou sua música e imagem para desafiar normas sociais, religiosas e sexuais, explorando tabus e incentivando o debate público sobre questões como sexualidade, religião e feminismo. Madonna foi pioneira na promoção do empoderamento feminino na música, quebrando barreiras e desafiando as expectativas sobre o que uma mulher pode ou deve fazer na indústria do entretenimento. Sua carreira é exemplo de independência e controle sobre sua própria imagem. Nunca escondeu seu propósito, ao contrário, sempre buscou impactar a cultura global, utilizando sua música e persona para influenciar tendências de moda, comportamento e atitudes sociais. Ela ajudou a moldar a cultura pop contemporânea e a expandir os limites do que é aceitável na música mainstream.
O mercado está precisando de menos chefes de marketing que se escondem atrás de KPIs e de mais Taylors e Madonnas na liderança, que apontem a direção e inspirem seus times a acreditarem em algo. No final das contas, é sobre criar espaço, visão e congregar profissionais que se sintam impactados pessoalmente por aquilo que estão construindo. É essa energia que trará à tona ideias aparentemente insanas, mas que têm o potencial de transformar o negócio genuinamente.
A liderança inspiradora não menospreza o atingimento de metas, mas faz isso com propósitos claros e definidos. Líderes inspiradores em nossa indústria se despem do ego e dão protagonismo para o propósito da marca, transformam campanhas em experiências épicas e entendem que a saúde dos KPIs depende de algo que antecede a eles. Afinal de contas, por que o seu time faz o que faz? Já se perguntou se eles sabem responder essa pergunta?
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