Assinar

Mulheres na tecnologia

Buscar
Publicidade
Opinião

Mulheres na tecnologia

A verdadeira inovação não acontece em espaços homogêneos


24 de março de 2025 - 15h00

A tecnologia tem transformado o mundo de formas que mal poderíamos imaginar há poucos anos. Estamos constantemente falando sobre inovação, futuro e novas oportunidades, mas ainda há um desafio que persiste: garantir que esse progresso seja verdadeiramente inclusivo.

Trabalhar no setor de tecnologia significa estar em um ambiente dinâmico, criativo e que dita o ritmo das mudanças globais. Mas, para muitas mulheres, essa ainda é uma trajetória marcada por barreiras invisíveis. Em uma área historicamente dominada por homens, as mulheres lidam com desafios estruturais, desde a falta de representatividade em cargos de liderança até vieses inconscientes nos processos de contratação e promoção.

Ao longo da minha carreira, testemunhei avanços significativos, mas também me deparei com desafios que refletem dados incontestáveis.  Segundo o Global Gender Gap Report, pesquisa do Fórum Econômico Mundial (FEM) em parceria com o LinkedIn, entre 2015 e 2023, a participação feminina em tecnologia cresceu de 21% para 26%, um avanço positivo, mas que ainda nos mostra o tamanho dessa lacuna. A presença feminina nos cargos de liderança também segue aquém do ideal. Globalmente, apenas 29% das posições em tecnologia são ocupadas por mulheres, e 8 em cada 10 cargos de alta gestão seguem nas mãos de homens. No Brasil, menos de 10% das mulheres chegam a cargos de vice-presidência ou diretoria executiva no setor.

A boa notícia é que há caminhos concretos para mudar esse cenário, e um dos mais eficazes é repensar a forma como recrutamos talentos. A contratação baseada em habilidades, e não apenas em credenciais tradicionais, tem mostrado um impacto significativo na inclusão feminina. No Brasil, dados do LinkedIn mostram que essa abordagem pode aumentar em 12% a participação de mulheres em ocupações historicamente dominadas por homens.

Mas não basta mudar a porta de entrada. Precisamos garantir que, uma vez dentro das empresas e inseridas no setor, as mulheres encontrem um ambiente que realmente as impulsione. Investir em programas de mentoria e assegurar a presença feminina nos processos decisórios são passos fundamentais para um mercado mais justo e equilibrado.

A mudança não pode – e não deve – ser responsabilidade apenas das mulheres. Empresas, lideranças e profissionais de todas as áreas precisam estar comprometidos com a equidade de gênero. Quando falamos em inovação, falamos também em diferentes perspectivas, em ideias diversas e na riqueza que um ambiente plural pode proporcionar.

A verdadeira inovação não acontece em espaços homogêneos, mas sim onde há troca, aprendizado e colaboração entre pessoas com vivências distintas. E isso só acontece quando há inclusão genuína, quando barreiras são quebradas e oportunidades são distribuídas de forma equitativa, permitindo que cada um contribua com seu máximo potencial.

Neste Mês Internacional da Mulher, reforço meu compromisso com essa transformação, especialmente no universo da tecnologia e do marketing, e convido todos a fazerem o mesmo. A tecnologia tem o potencial de mudar o mundo – e precisamos garantir que ela mude para todos. O futuro que estamos construindo precisa ser um espaço no qual o talento e a competência sejam os únicos critérios para o sucesso profissional.

Publicidade

Compartilhe

Veja também