Não faça collabs
Quem decide juntar sua marca com outra aceita tomar diversos riscos
Quem decide juntar sua marca com outra aceita tomar diversos riscos
Era uma vez uma marca de desodorante que se juntou com uma marca de goma de mascar, e juntas criaram um “filhinho”: o spray anti-CC com aroma de melancia.
Collabs estão em alta. E marketeiros adoram uma moda.
Algumas colaborações entram no topo dos assuntos mais comentados e geram filas de clientes interessados. Outras, no entanto, não fazem o menor sentido.
Desculpe se eu te decepcionar, mas tenho uma opinião polêmica sobre esse tema: não faça collabs.
Calma, vou explicar.
Fazer uma colaboração é mais do que uma brincadeira. Quem decide juntar sua marca com outra aceita tomar diversos riscos. Fazer uma collab é admitir em público que “nossas marcas são muito amigas”. Isso significa que, se a outra parte fizer alguma besteira, a sua imagem também será arranhada. Por exemplo, você ficaria confortável lançando um produto em parceria com uma empresa que, de repente, fosse acusada de trabalho escravo ou outro escândalo?
Collabs ainda podem gerar dependência. Imagine se 70% da sua receita viesse de um produto que também é “assinado” por outra empresa, que pode decidir encerrar o contrato?
Além disso, as colaborações tendem a aumentar os custos e a complexidade dos projetos. Se já é difícil agradar a liderança de uma única empresa, imagine chegar a um consenso entre duas, com culturas e prioridades diferentes?
Outro ponto importante: collabs podem confundir o cliente. Qual era mesmo a marca que aparecia com aquela outra na propaganda? Muitas campanhas passam despercebidas por isso.
Em geral todos querem uma collab com alguém que pareça mais “legal”. Muitas pensam assim: “Vamos fazer uma parceria com uma marca de luxo, pode ser qualquer uma!” Cuidado com esse pensamento. Se você aceita se juntar com qualquer um, é porque não entendeu o jogo.
Quando Havaianas aparece com a Dolce&Gabbana, algo muda em ambas. A Havaianas se torna um pouco menos Havaianas e um pouco mais Dolce&Gabbana. E a Dolce&Gabbana se torna um pouco menos Dolce&Gabbana e um pouco mais Havaianas. Isso é bom ou ruim? Depende. Pode ser excelente.
Ou pode ser péssimo. Tudo varia de como essa união é conduzida.
No marketing, a sua marca é o seu ativo mais precioso. E deixá-la “andar de mãos dadas” com alguém é uma decisão séria. Se você está pensando em fazer uma collab apenas porque está vendo todo mundo fazer, então não faça collabs.
Colaborações são como remédios: não tome porque os outros estão tomando. Tome apenas se realmente precisar.
Faça uma collab com outra empresa somente se, juntos, vocês forem capazes de criar algo que não conseguiriam sozinhos. Faça se fizer sentido para ambas as partes, ciente dos riscos e preparado para enfrentá-los. Escolha bem o parceiro, defina um prazo limitado e acompanhe de perto os resultados.
Lembre-se: a sua missão é construir a sua marca, não a marca dos outros.
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