NRF 2022 e o papel do líder pós COVID

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Opinião

NRF 2022 e o papel do líder pós COVID

Execução e foco em pessoas acima de tecnologia


27 de janeiro de 2022 - 15h00

00 Crédito: Shutterstock

A NRF é um dos principais encontros de varejistas do mundo inteiro. Representantes de empresas, parceiros e prestadores de serviço se reúnem e discutem tendências, desafios e oportunidades do mercado, enquanto refletem sobre o futuro do setor. A NRF deveria ser um evento pautado em tecnologia e inovação, mas outros temas roubaram a cena: as pessoas, a capacidade de execução e o papel da liderança pós COVID.

Muitos painéis discutiram a evolução dos negócios digitais, novas tecnologias e iniciativas voltadas a ESG e DE&I. Mas a constante em praticamente todas as apresentações e estandes foi a disciplina de execução necessária para explorar as oportunidades de crescimento e geração de valor nos negócios. Parece que ninguém mais acredita em tecnologias que resolvem todos os problemas sozinhas, e o setor inteiro percebe que a principal alavanca para o sucesso já está em funcionamento há muito tempo – nossos times, os humanos por trás da operação.

O mundo vive em transformação e continua mais VUCA (sigla em inglês para volátil, incerto, complexo e ambíguo) do que nunca. O papel do líder executor, capaz de liderar pelo exemplo, inspirar e potencializar os talentos individuais do time se tornou chave para desenvolver e reter pessoas. Essa nova posição apenas pode ser ocupada por um mentor, ou um capitão – que lidera seus colegas, mas está em campo suando a camisa junto com eles.
O principal impacto de um período de experimentação de múltiplos modelos (presencial, híbrido, home office) foi a formação de líderes mais participativos, flexíveis e humanos. A reboque, vem também uma grande ansiedade, sentida por todos os que precisam lidar com a crescente quantidade de ferramentas, soluções e tecnologias disponíveis – só em martech, foram catalogadas mais de 8.000 no último levantamento, realizado pelo Marketing Technology Landscape. Como, então, extrair o que o progresso recente trouxe de melhor sem ameaçar a nossa própria saúde mental e a dos nossos times?

“Se você quiser ser um líder, você precisa acreditar no seu poder de intencionalidade”

Carla Harris, diretora executiva e vice chairman do conselho do Morgan Stanley, fez uma apresentação emblemática sobre saúde mental, propósito e o papel do líder no novo mercado. Ficou claro que remuneração, localização e benefícios deixaram a lista de prioridades dos colaboradores. Agora, os funcionários de uma empresa querem saber para quem eles trabalham, por que trabalham e, sobretudo, como trabalham.

O líder executor não é apenas uma pessoa com uma lanterna, que aponta a direção correta. É uma pessoa com uma chama acesa, capaz de acender a chama de dezenas, centenas ou milhares de outras chamas que, juntas, constroem uma direção única, com significado, pertencimento e propósito. Sem isso, parece impossível reter pessoas.
Diante dessas exigências, o líder precisa ser intencional: uma figura com foco e participação intensa, cuja atuação é sustentável e está frequentemente orientada a um objetivo de longo prazo. Steve Williams, CEO da PepsiCo Foods, endossa essa visão com sua própria crença de que “não existe um modelo de negócios bom sem um time saudável”.
Por fim, mais uma mensagem ficou gritante nas entrelinhas de discursos inspiradores e provocativos: precisamos concentrar nossos esforços na execução, não só em tecnologia. Depois do avanço sem precedentes de ferramentas, plataformas e soluções que apoiam os times de marketing, vendas, inovação, logística e tantos outros, chegou a hora de focar nos humanos que estão por trás de todas essas funcionalidades, operando o dia a dia. Essa é a atitude que os líderes precisam ter neste ano para ter sucesso em suas iniciativas.

Em meio a crises e desafios extremos, nos reinventamos enquanto setor produtivo e temos à nossa disposição um novo ecossistema digital com infinitas funções e um potencial estratosférico de geração de valor. Mas de nada adianta ter tudo isso a apenas um botão de distância sem ter a capacidade de executar. É preciso criar uma cultura de execução. É imprescindível rever o modus operandi e preparar as organizações para atuar de forma ágil e consistente. E é fundamental desenvolver a habilidade de assimilar novas tecnologias tempestivamente, mas sem cair na armadilha fatal da sobrecarga, da confusão e da improdutividade diante de tantas opções.
O líder do futuro é cada vez mais “mão na massa” – alguém capaz de liderar com intencionalidade e cujo principal recurso é o próprio exemplo, aliado à capacidade de catalisar o potencial de todos os seus colaboradores e pares, como um verdadeiro mentor.

Nosso papel é conhecer aquilo que existe a nossa disposição em termos de ferramentas, tecnologias e serviços, mas fazer muito mais do que apenas coordenar a sua implementação. Nosso papel é sermos verdadeiros agentes de inovação.

A NRF 2022 nos apresentou uma nova dinâmica. Nela, é exigido do líder ser um questionador do status quo, constantemente em desafio sobre como ajudar seus times a irem além, seus negócios a evoluírem e prosperarem no longo prazo e, sobretudo, apoiar as pessoas a encontrarem um caminho que lhes traga pertencimento, satisfação e felicidade.

Nunca foi tão importante SER humano – a única espécie do reino animal que tem um verbo no nome. Esse é o imperativo do novo líder, e a principal alavanca de prosperidade nos anos que estão por vir.

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