O disfarce regenerativo do problema
O diabo mora nos detalhes e o detalhe mais intrigante é que o problema nunca se entrega facilmente, sua vocação não é se revelar
O diabo mora nos detalhes e o detalhe mais intrigante é que o problema nunca se entrega facilmente, sua vocação não é se revelar
Resolver um problema de comunicação sempre será um grande desafio. Primeiro, porque cada desafio é único e nunca existirá uma fórmula mágica. Segundo, porque não existe uma única solução, mas sim a melhor abordagem para cada caso. Mas qual a melhor forma? Por último, porque encontrar essa solução depende, cada vez mais, da qualidade das perguntas que fazemos para entendê-lo.
Na era da inteligência artificial (IA), o prompt precisa, por um lado, de pessoas que saibam interpretar suas entrelinhas e, por outro, de quem domine a linguagem e o mecanismo da inteligência artificial generativa (GenAI) para extrair a melhor resposta possível.
Mas o diabo mora nos detalhes. E o detalhe mais intrigante é que o problema nunca se entrega facilmente. Sua vocação não é se revelar – ao contrário, ele é um mestre do disfarce. Quanto mais sofisticada for a forma como oculta o que pergunta, mais complexo e interessante ele se torna.
Nesse sentido, o objetivo do problema é fazer você cair na armadilha dele.
Seus truques são muitos, mas três são particularmente frequentes. O primeiro é aquele em que a resposta parece evidente. Aquele tipo de solução que parece óbvia e está logo na superfície, pronta para ser aceita sem questionamento.
Mas um bom problema tem seus caprichos, e um deles é fazer você errar rapidamente.
Se você escapa dessa armadilha, há outra logo em seguida. Como um labirinto impossível que sempre o leva de volta ao ponto de partida. Se você olha para o problema sempre do mesmo jeito, nunca encontrará a saída. É preciso imaginar um caminho que vá além do mapa.
E mesmo depois de passar por essas duas armadilhas, o problema apela para a soberba e te faz errar no último detalhe, por excesso de confiança.
Ainda que tenha passado pelas duas armadilhas, solucionar um problema exige humildade. Só aos que são capazes de chegar até lá, se pode desfrutar da beleza da obviedade.
E é aqui que a IA pode ser uma aliada poderosa. Ela traz agilidade, assertividade e cria possibilidades inimagináveis, mas só para quem domina sua linguagem.
Assim, o que se pergunta continua sendo fundamental, mas o como ganha uma proporção igualmente importante. As possibilidades de encontrar a melhor solução se multiplicaram, mas também os disfarces em que um problema pode se esconder.
O óbvio é como uma pérola escondida. Depois que revelada nada mais tem o poder de ocupar o seu lugar de solução. Mas nunca antes foi exigido que se quebre a cabeça para chegar até ela. No fim das contas, enquanto estamos tentando desvendar onde o problema mora, é ele quem se diverte.
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