O falso paradigma do mundo V.U.C.A.
Será mesmo essa muvuca?
Será mesmo essa muvuca?
21 de novembro de 2018 - 18h36
Tenho uma antipatia pessoal por uma expressão que voltou à moda. VUCA: Volatility, uncertainty, complexity and ambiguity – um acrônimo que é usado para qualificar o contexto do mundo de hoje.
Poderíamos utilizar uma palavra em português para descrever o mundo VUCA: a ‘muvuca’, que significa tumulto ou grande confusão.
A situação remete à obra de Pirandello, ‘Assim é (se lhe parece)’ e à confusão gerada em torno da existência ou não da filha de dona Frola.
Volátil, incerto, complexo e ambíguo: assim é o mundo para quem o parece. E muitos consultores vão oferecer seus serviços para ajudar os que acreditam nisso a superarem sua angústia.
Daniel Faraday, o físico da série Lost (interpretado por Jeremy Davies), explica a Desmond Hume (Henry Cusick) que, quando viajamos pelo tempo, precisamos de uma ‘constante’ de referência para não enlouquecermos (Lost S04E05 – ‘The Constant’).
Nossa constante para entender a muvuca é o Homo Sapiens, que ainda esta na versão 1.0, ainda que incorporando a #atitudedigital.
A realidade parece volátil e incerta para quem não acompanha sua evolução. É complexa para quem não dedicou tempo suficiente para estuda-la, seja de forma direta ou conversando com especialistas. E a ambiguidade é característica natural da percepção da realidade, já que cada um forma o sentido do que é real para si, a partir de seu repertório sináptico.
Não pretendo minimizar o tamanho da encrenca. Compreender o mundo dá trabalho. E, de fato, contar com a ajuda de especialistas e consultores é um bom atalho.
Mas é importante não aceitar esse paradigma VUCA na posição de vítima.
Estaremos numa posição melhor se optarmos pelo protagonismo, não só buscando sua compreensão e aceitando que a muvuca é nossa, não do mundo, mas ajudando a construir a realidade através de nossa participação ativa.
*Crédito da foto no topo: Vedanti/Pexels
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