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Opinião

O impulso necessário para saltar do mediano ao excepcional

A habilidade de ouvir e interpretar o que o consumidor realmente deseja transforma-se em um diferencial estratégico crucial para o sucesso


9 de dezembro de 2024 - 6h00

Pesquisas realizadas exclusivamente por equipes de marketing desempenham um papel vital nas melhorias e adaptações que emergem da análise minuciosa de feedbacks centrados nas necessidades do cliente. É essa capacidade de absorver e aplicar a experiência do consumidor que estabelece uma distinção clara entre as empresas que não apenas lançam produtos, mas que os refinam e aperfeiçoam continuamente. A habilidade de ouvir e interpretar o que o consumidor realmente deseja transforma-se em um diferencial estratégico crucial para o sucesso.

É cultural e clássico no nosso mercado focar unicamente no desenvolvimento de novos produtos, mas esforços significativos à melhoria daqueles já existentes são um caminho muito mais rápido, efetivo e inteligente. O que, muitas vezes, as empresas enxergam como mudanças triviais e de menor relevância são, na realidade, passos significativos para o consumidor. O verdadeiro talento de um marqueteiro eficaz reside na capacidade de identificar com precisão o que necessita de ajustes e aprimoramentos, um processo que pode ser a diferença entre um produto mediano e um excepcional.

Um dado australiano bastante interessante de 2021 atesta que o principal motivo da lealdade das pessoas tanto em alimentos como em artigos de limpeza comprados nos mercados segue ancorado na melhoria dos itens preferidos dos compradores e não na pujança de uma marca lançar novos produtos – o que, às vezes, tem até efeitos colaterais maiores, pela ansiedade e necessidade de ter que assumir o risco de comprar algo novo num eventual orçamento apertado da compra do mês.

Esse processo de aprimoramento contínuo se inicia quando os profissionais de marketing se liberam das vozes externas que restringem suas perspectivas, limitando suas funções a meramente gerar demanda. Essa máxima no mercado de bens não-duráveis de aumentar o volume de vendas a partir de novos compradores como alavanca mais barata e prática já está condenada faz algumas décadas. É imperativo reconhecer que o produto não é apenas um componente, mas sim uma extensão intrínseca de sua atuação. Esse reconhecimento deve impulsionar os marqueteiros a buscarem informação e formação em desenvolvimento de produtos, políticas de preços e design e porcionamento de embalagens, afastando-se da simplificação que os rotula apenas como comunicadores.

Quando questionados sobre suas responsabilidades principais, a maioria dos CMOs destaca a marca, o marketing digital e a publicidade, enquanto iniciativas relacionadas a novos produtos e políticas de preços ocupam posições secundárias. Essa constatação nos leva a uma reflexão oposta e genuína: é realmente prudente que o marketing se responsabilize por aspectos relacionados a preço ou desenvolvimento de produtos?

Cabe priorizar a entrada de informações e insights sobre o produto, e não o controle sobre ele. Na prática, a pergunta não deveria ser sobre as prioridades do profissional de marketing e sim na linha: “Em quais áreas o marketing é capaz de proporcionar uma contribuição significativa para a sua empresa?”.

É evidente que muitos profissionais de marketing se veem confinados a um espectro restrito de atividades promocionais. E essa realidade é preocupante. Quando um profissional de marketing se limita apenas a funções comunicativas, é comparável a transformar um piloto de automobilismo em um simples motorista de aplicativo —reduzindo drasticamente o potencial de sua contribuição e expertise. Essa limitação não apenas empobrece a prática do marketing, mas também compromete a capacidade das empresas de realmente inovar e se destacar em um mercado cada vez mais competitivo.

Não se engane, o marketing não se resume apenas à narrativa ou à arte de contar histórias; seu verdadeiro cerne deve estar sempre concentrado no produto ou serviço. Além da bolha que frequentemente criamos ao nosso redor, em que as tendências e as modas passam rapidamente, o que realmente importa é como os produtos e serviços que desenvolvemos se conectam e atendem aos desejos, necessidades e expectativas do consumidor contemporâneo. Como profissionais de marketing, não devemos apenas conscientizar-nos dessa realidade, mas, ao contrário, devemos celebrar com entusiasmo e responsabilidade o nosso papel essencial na formação e aprimoramento contínuo do que vendemos ao mercado consumidor.

É de suma importância ignorar as vozes superficiais de autoproclamados “especialistas” que, desprovidos de formação e entendimento profundo, oferecem análises e sugestões que falham em capturar a complexidade da disciplina. O marketing é uma área robusta e multifacetada que, em sua essência, envolve a dinâmica dos quatro Ps — produto, preço, praça e promoção. Dentre esses elementos, destaca-se SIM, sem sombra de dúvidas, o produto. Ele é a espinha dorsal que garante a relevância e a competitividade das nossas empresas no cenário econômico global. Se negligenciarmos a nossa participação ativa na avaliação, desenvolvimento e melhoria dos produtos que representamos, estaremos, sem dúvida, perdendo insights valiosos e oportunidades significativas que poderiam impulsionar nossos negócios a novos patamares.

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