13 de julho de 2018 - 11h18
Crédito: Chris Ryan/iStock
Tirando as apresentações que bradam “seremos o Uber da educação”, “somos a nova Tesla brasileira” e “seremos disruptivos e inovadores”, será que o segmento está preparado para os tempos atuais? Usei “tempos atuais” me referindo à revolução digital porque, sim, ela já chegou.
O mercado de educação brasileiro, especialmente sua gestão, tem se profissionalizado ao longo dos últimos anos. São fusões e aquisições de grandes proporções que forçam as empresas a terem uma disciplina financeira mais rigorosa, algumas vezes não existente há alguns anos ou em suas operações anteriores.
Junto deste movimento de consolidação, principalmente no mercado do ensino superior, o pensamento de negócio focado no retorno dos investidores ganha peso. O ROI está virando rei. É a transição da operação onde professores e educadores ocupavam as cadeiras do marketing para dar o lugar a profissionais da área.
Mas nada é fácil nessa vida. A profissionalização do mercado está acontecendo junto da revolução digital. Pensa comigo. O jovem de 18 anos de hoje foi criado de forma extremamente conectada, mesmo tendo nascido antes do Facebook e está “prestando vestibular” para uma instituição criada décadas antes da internet nascer. Existe um choque cultural e uma barreira de negócio que precisa ser transposta.
Tudo precisa ser revisitado, desde a comunicação até o modelo de negócio. Neste cenário, algumas instituições optam por colocar um peso maior no offline. Olhando de longe, sem conhecer suas motivações, me parece apenas um resquício do vício de “fazer tal mídia porque o meu concorrente está fazendo”. Que fique claro, não sou conta a mídia offline, só acho que a relevância para o segmento caiu. E muito.
O resultado deste pensamento se mostra nos períodos de captação. Uma enxurrada de busdoor, outdoor, spots de rádio e espasmos de filmes na TV que tentam falar 34 informações — data da prova, informações sobre bolsas, localização das 92 unidades, o logo (maior), uma imagem de um aluno e, se for uma peça “pra frentex”, um slogan de efeito que tenta resumir em 35 palavras a importância da educação na vida do jovem de 18 anos.
Educação não é um produto. É um serviço. Mais que isso. É um serviço provavelmente de uma única compra durante a vida do cliente. Afinal, raramente você verá alguém fazendo duas faculdades. Uma formação já é pesada no bolso e vai, na maioria, determinar o rumo da vida do cliente. É uma escolha extremamente importante para ele.
E se é uma escolha importante, é um dos segmentos onde ter uma marca extremamente bem construída faz toda diferença.
Pensando desta forma — que precisamos de profundidade de comunicação — investir em uma mídia unidirecional ao invés de seguir o caminho do digital é deixar espaço para o concorrente ocupar.
Então, se você trabalha no segmento ou tem interesse no tema, deixo algumas perguntas para uma autorreflexão.
Espero que estas perguntas ajudem de alguma forma. Seja para um debate interno ou que sejam uma pequena semente de mudança. Como for, ficarei feliz em ter feito parte.