O modelo de negócio mais moderno do mundo é o mais antigo
E ele vale para marcas, empresas, para mim e para você
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14 de fevereiro de 2017 - 9h00
Talvez você confie em mim para discutir algum assunto de marketing. Mas duvido que mantenha o mesmo nível de confiança se eu me prontificar a ser seu professor de piano.
Certamente você confia na Fernanda Montenegro. Ela passa mesmo confiança. Difícil não confiar. Mas acho pouco provável que você confie nela se precisar de alguém para rever pessoalmente toda a arquitetura de tecnologia de sua empresa.
Confiança é diferente de confiabilidade. Confiança é, digamos, um estado mais institucional da relação. É premissa. Sem ela, nos dias de hoje, nem se começa a conversa. Porém, confiabilidade é a confiança aplicada. É o que se faz na prática quando se confia em algo ou alguém. É ser digno de confiança. É um luxo quando nos faz parar de nos preocupar. Mas é uma tragédia quando se quebra. Quando faz a gente pensar em todas as outras quebras de confiança que estão esperando por nós.
A diferença parece sutil. Mas foi exatamente ao não perceber essa sutileza que marcas dormiram em berço esplêndido e não acordaram mais. Marcas com altíssimos índices de confiança perderam confiabilidade ao deixarem de ser relevantes. Executivos e lideranças também.
E esse é o ponto. É preciso transformar confiança passada em confiabilidade presente. E aqui não tem como ignorarmos fatores que não controlamos e a nossa jornada de vida. Eu confiava em pilotos de avião, sem conhecê-los. Depois de ser pai, morro de medo de voar. Eu achava legal profissionais de marketing que entendessem de tecnologia, hoje não imagino um, de sucesso, que não entenda.
É possível confiar em você, certo? Sempre foi. Seus valores são sólidos, herança de família. Mas você é confiável para liderar a mudança que o mercado precisa? Você confia em você para isso? Qual sua proposta de valor?
A tecnologia está criando novos mecanismos que nos permitem confiar em pessoas, empresas e ideias desconhecidas. Pode-se dizer que essa nova dinâmica coloca as relações em outro patamar. E isso não vale somente para aplicativos, vale para ativos de toda natureza, inclusive a humana.
A área de marketing onde você trabalha sempre foi a melhor do mercado. O nível de confiança alcançado dentro da organização é impressionante. Mas essa mesma área consegue transpor a barreira passiva da confiança passada e ser confiável para colocar marca e negócio em outro patamar hoje?
A tecnologia está criando novos mecanismos que nos permitem confiar em pessoas, empresas e ideias desconhecidas. Pode-se dizer que essa nova dinâmica coloca as relações em outro patamar. E isso não vale somente para aplicativos, vale para ativos de toda natureza, inclusive a humana.
Eu não acredito em estruturas que sejam o puxadinho do que deu certo no passado. Acho que são colagens de percepções viciadas que não conseguem se desprender de interesses pessoais e da zona de conforto que apesar de desconfortável ainda é quentinha. Ainda preserva fronteiras que trazem uma suposta segurança a serviço da insegurança.
Se você confia em você, não precisa dos muros para protegê-lo. Se confiam em você, não precisam de muros para se proteger de você. A trumpirização das relações é um vírus silencioso que corrompe qualquer chance de novas relações confiáveis sobreviverem. Confiar que o amiguinho também pode ser criativo e que essa tal de predestinação divina é bobagem. Confiar que quando o cliente nos diz que não está legal, pode ser que não esteja mesmo.
O melhor modelo de negócio, acredite, ainda se chama confiança. E no fundo, antes de se discutir o que ela significa, repetidamente, discute-se apenas quanto ela custa. A ansiedade em precificar valor é o que mais desvaloriza as relações. Um contexto onde a pergunta mais importante, fundamental, estrutural, fica subjugada, perdida ali no cantinho da planilha, torcendo para a reunião terminar antes de ser convidada a se manifestar: isso tem valor? O que eu faço hoje tem valor para você?
Acredite, isso vale para marcas, para empresas, para executivos. Quer saber? Vale para a vida.
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