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Opinião

O País do football

A gente não precisa ter praticantes para ter fãs; o jogo da NFL que acontece nesta sexta-feira, 6, em São Paulo, pela primeira vez, é prova disto


6 de setembro de 2024 - 15h12

É inegável que somos o país do futebol. Realmente, ele é o esporte mais consumido por aqui e tem uma quantidade gigantesca de adeptos, está enraizado na nossa cultura. Mas achar que a nossa paixão por esporte acaba aí, é uma realidade muito limitadora para um país como o nosso.

A gente tem um nível de paixão por outras categorias e modalidades muito alta. Quando falamos de NBA e NFL, por exemplo, estamos nos referindo majoritariamente ao consumo, e não à prática. As pessoas têm times favoritos, vivem o lifestyle do esporte, querem se vestir como os jogadores, acompanhar seus gostos musicais e assim por diante.

Hoje em dia, se você perguntar para um jovem para qual time ele torce, é possível que a resposta venha acompanhada de: “mas em qual modalidade?”. Isso acompanha a nossa percepção do mercado porque, de fato, há essa mudança. Quando temos diversos canais de distribuição de conteúdo – seja streamings, TV paga e TV aberta – lutando para transmitir campeonatos e jogos internacionais, percebemos que é um movimento forte de trazer outras referências do consumo do esporte para o brasileiro.

A gente não precisa ter praticantes para ter fãs. O jogo da NFL que acontece nesta sexta-feira, 6, em São Paulo, pela primeira vez, é prova disto. A venda dos ingressos se esgotou em menos de duas horas. Veja o tamanho da reverberação que uma única partida, de um esporte não praticado no Brasil, tem. As pessoas passam a ter a oportunidade de viver um momento único que elas só poderiam saindo do país.

Isso acontece porque os esportes americanos atrelam muito bem o conceito do esporte ao entretenimento, eles sabem fazer uma partida virar um espetáculo. E na vinda para o Brasil isso não poderia ser diferente. Nós que fazemos parte desse ecossistema esportivo, temos o papel de auxiliar as marcas a se posicionarem. Vivemos um momento de chancelar o que o marketing esportivo vem construindo com as marcas por aqui: proporcionar o consumo do esporte através do entretenimento.

Quando a vinda da NFL foi anunciada, as marcas começaram um movimento de querer “fazer parte”. Aos poucos, passaram a entender que precisavam construir uma plataforma – oferecer um experiential legal. Hoje, a gente tem muito asset esportivo que tem dimensão global. Ter a Budweiser e a XP atuando localmente, projeta a nível internacional o poder que elas têm para construir o marketing esportivo como sportainment. Quando a gente começa a olhar o esporte por esse viés, a gente entende a dimensão que ele tem e ainda pode ter.

O nosso papel, como agentes transformadores do marketing esportivo, é garantir que eventos como esse acontecendo aqui tenham a mesma dinâmica e visibilidade que em qualquer outro lugar do mundo, que as marcas se sintam provocadas a entregar muito mais do que o protocolo, transformando a experiência dos torcedores e elevando a qualidade do que a gente costuma ter no Brasil para outro patamar. Esse jogo vai ser um ótimo modelo do que a gente é capaz de produzir.

Por isso, quando a gente fala em construir plataforma, não é só sobre estar presente e fechar um patrocínio ou um naming rights, mas é o que a marca é capaz de construir – genuinamente – para a melhoria do esporte, para a visibilidade da modalidade e dos atletas.

Ainda somos o país do futebol, mas tem muito espaço para o consumo de outros esportes. É preciso pensar no ecossistema para que ele seja rico o suficiente para favorecer o esporte como um todo dentro do Brasil. O patrocínio é o primeiro passo, mas é preciso estratégia e densidade para construir o futuro. No final das contas, estamos falando de passion points. O esporte é um passion point, mas cada modalidade também. Então, como você pode construir para uma modalidade e não só se alimentar do que ela tem para oferecer? É só quando essa troca acontece que ela é realmente favorável – e que a gente vê a mágica acontecendo.

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