O que a velha economia pode aprender com a nova
Nas grandes empresas, o processo de inovação depende de uma série de validações; nas startups, a solução já foi para rua e é o cliente que vai testá-la
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11 de fevereiro de 2020 - 10h36
(Crédito: Sesame/ iStock)
Há seis meses, “pivotei” minha carreira: troquei 20 anos de mundo corporativo pela experiência em startup de tecnologia. Desde que fiz a mudança, muita gente tem me procurado para um cafezinho. Resolvi compartilhar o que tenho aprendido com a nova economia. Uma coisa é certa: por aqui, tudo acontece em um piscar de olhos.
Pensar grande e acelerar: enquanto as grandes lutam para crescer alguns dígitos, as startups podem dobrar a cada ano. O mercado está amadurecendo: segundo a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), são 12 mil no Brasil, sendo que 11 viraram unicórnios (alcançaram valor de mercado de US$ 1 bilhão). A última a entrar neste grupo, a Loft, levou apenas 16 meses para isso.
Esse crescimento se dá, principalmente, pela coragem em escolher um desafio para se resolver e acelerar o aprendizado, sem medo de errar, o famoso “fail fast”. Nas grandes empresas, o processo de inovação depende de uma série de validações, numa tentativa de se evitar o erro. Como tempo é dinheiro para ambos os lados, nas startups a solução já foi para rua — e é o cliente que vai testá-la.
Colocando em prática: arriscar faz parte do jogo. Se arriscar o todo é muita coisa, que tal começar por partes, por marcas ou algum setor da empresa?
Para as startups: planejamento pode, sim, ajudar na eficiência. Isso ajuda a escalar o negócio mais rápido, planejar o que se vai testar e ir ajustando o modelo de negócio.
Cultura no centro de tudo: vim de empresas com culturas fortes, rituais e modus operandi que se repetiam por gerações e em diferentes regiões do mundo. Fiquei encantada com a cultura da Acesso Digital, com a verdade e preocupação de construí-la forte desde sua fundação. Vejo isso em outras startups também.
Colocando em prática: é muito importante saber o que se quer ser e o que não. Definir propósito, valores e rituais para determinar as ações da empresa e que tipo de talentos ela vai atrair.
Entre as startups há muita troca e benchmark. Pode-se e deve-se aprender com quem já viveu aquilo. Cortar caminho, copiar e colar. Essas trocas trariam um imenso poder para grandes empresas.
Celebre! Aqui, todo mundo sabe quando conquistamos um cliente. A corneta toca alto e as figurinhas rolam soltas no WhatsApp. Ok, temos 230 funcionários. Mas dá para fazer isso com seu time, faz toda a diferença!
Gente que veste a camisa: engana-se quem pensa que gente jovem não pode liderar e ser inspiradora. Diego Martins, nosso CEO, criou a empresa aos 23 anos. Embora também tenhamos lideranças jovens nas grandes empresas, isso, nas startups, se reflete no dia a dia: menos hierarquias e mais olho no olho.
É muito bom trabalhar com jovens. São questionadores, sonhadores, sedentos por fazer e aprender. A mistura com os mais velhos pode acelerar o crescimento: eles trazem o conhecimento em gestão de times, estratégias e processos.
Colocando em prática: bring power to the edges! Nas startups, há muito mais autonomia: se você não fizer, não será feito. A estrutura enxuta empodera e gera uma energia incrível. Pense mais para onde você quer ir e menos no como. Deixe seu time descobrir. Certamente, fará melhor porque está próximo da operação.
Comunique-se! O trabalho da liderança é simplificar e esclarecer. Por ter que falar sobre novos rumos, aprendizados e celebrar, há muita transparência do lado de cá. Quanto mais aberta a conversa, mais confiança.
O ecossistema de startups está amadurecendo no Brasil. Elas absorverão cada vez mais profissionais de grandes empresas. Ao mesmo tempo, as grandes precisam inovar rápido e ser mais ágeis para reagir às mudanças. Já vemos um movimento por aí: elas estão se aproximando das startups, seja por parcerias ou aquisições. Essa mistura fará bem aos negócios e aos talentos envolvidos. Arrisque-se!
*Crédito da foto no topo: reklamlar/istock
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