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Opinião

O que as organizações precisam para evoluir?

Como trabalhar essa mudança de mentalidade em um país como o Brasil, cujas marcas têm tanta dificuldade em construir e gerenciar valor?


10 de outubro de 2019 - 17h16

(Crédito: GelatoPlus/istock)

Em tempos de grandes mudanças, aprender todos os dias é um requisito fundamental. Não saímos mais da “escola” e, para suprir isso, há uma grande oferta de eventos ao redor do mundo, trazendo conteúdos relevantes sobre negócio, inovação, tecnologia, entre outros temas. Para nós, profissionais, acompanhar esse ritmo não é fácil, mas é fundamental se não quisermos ficar obsoletos. Entretanto, essa corrida pela informação não é desafiadora só para as pessoas. A maior transformação demandada é a do negócio. Inteligência artificial, integração robô e humano, blockchain, machine learning, impressora 3D. Como essas tecnologias estão nos fazendo repensar nossos modelos de negócio e formas de trabalho?

No último Singularity Summit, evento organizado pela Singularity University, instituição fundada pelo Google e pela NASA, não foi diferente. As diversas palestras reforçam a crença da Singularity University que, pela primeira vez na história, nós, seres humanos, podemos “tirar férias” do nosso instinto de sobrevivência. O mundo está cada vez mais rico, os seres humanos estão vivendo duas vezes mais que no começo do século XX e o maior acesso a bens e serviços por conta dos avanços tecnológicos nos faz sair desses eventos otimistas, mas também reflexivos. Nesse cenário, palavras como abundância e exponencialidade são repetidas como um mantra. Mas como isso se aplica à realidade brasileira?

Crescer e evoluir, mais do que nunca, é uma necessidade. Hoje, entretanto, há uma variável nova nesta equação: é preciso mudar com agilidade. Esse termo deixa muitos líderes ansiosos e organizações confusas, pois ninguém consegue prever como e para onde os mercados vão convergir e mudar. Vemos setores, como o financeiro, em ebulição, com competidores de diferentes segmentos como o mobile, mídia e tecnologia. Hoje, um serviço feito por um grande banco, como aprovação de empréstimos, demora em torno de vinte dias. Em comparação, um novato de quatro anos, como a Ant Financial, aprova empréstimos em vinte segundos. Quem sai ganhando com isso? O consumidor.

Para complicar o cenário, movimentos vindos de investidores também reforçam a necessidade de mudar. Laurence D. Fink, CEO do BlackRock, fundo de investimento que administra US$ 4,72 trilhões em ativos, anunciou há 2 anos, em carta aos acionistas, que não investirá mais em empresas que não têm propósito – ou seja, a visão de como elas impactam positivamente o mundo. O papel das empresas não pode ser somente maximizar o retorno ao acionista, pois estamos em uma nova era da construção de valor. Lucro é o oxigênio de uma empresa, mas nós não podemos viver somente para respirar. Vivemos para trazer o máximo de impacto positivo para todos os stakeholders. Logo, isso passa a ser uma premissa fundamental para construir um novo mindset – uma nova mentalidade, ou forma de ver o mundo.

Uma grande mudança está em curso e, por isso, o branding também precisa evoluir. Se, antes, víamos branding como sinônimo de estratégia de marca, hoje, entendemos que é o alinhamento entre propósito de marca, oferta do produto/serviço do seu negócio e a comunicação: esse é o alinhamento que está ganhando o jogo da construção de valor, apoiado por uma nova forma de trabalhar.

Entretanto, como trabalhar essa mudança de mentalidade em um país como o Brasil, cujas marcas têm tanta dificuldade em construir e gerenciar valor? Nossas organizações estão realmente preparadas para mudanças radicais na tecnologia e em novas formas de pensar? Somos a 9ª economia do planeta e não temos nenhuma marca entre as 200 mais valiosas do mundo. Quando vamos fechar esse gap?

**Crédito da imagem no topo: Reklamlar/istock

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