O que o Design Regenerativo pode fazer por nós em 2025
Promover a melhoria contínua em direção a uma abordagem regenerativa é uma obrigação nossa, como Indústria Criativa e de comunicação, não apenas do poder público
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O ano de 2024 foi recheado de notícias traumáticas em relação à crise climática. A tragédia no Rio Grande do Sul, o Furacão Milton, seca na Amazônia, queimadas no cerrado, enchentes na Espanha, entre outras tantas. Mas também foi o de enxergarmos horizontes possíveis. O G20 no Rio de Janeiro, a Aliança Contra a Fome, as expectativas em torno da COP 30, bem como grupos de empresários se reunindo por meio de manifestos e assumindo sua parcela na manutenção e recuperação do meio-ambiente do nosso país. Tudo isso grita na minha consciência: “o que fizemos até agora, na Indústria Criativa, foi suficiente?”.
À medida que enfrentamos crises interconectadas, como mudanças climáticas e desigualdade social, novas formas de pensar o Design também são cruciais para moldar o amanhã que queremos. A abordagem centrada no ser humano teve um papel importante, mas, diante do que estamos vivendo, devemos abraçar uma visão regenerativa onde as pessoas, os outros seres vivos e o Planeta prosperem. Esta é a essência do Design Regenerativo.
Embora frequentemente utilizado para projetos com impacto social e ambiental, sinto que o Design Thinking tradicional por vezes simplifica problemas complexos, levando consequentemente a soluções superficiais. Sua centralidade no usuário, embora valiosa, pode limitar a visão ao ignorar as barreiras legais, os diferentes agentes envolvidos, as necessidades ambientais e comunitárias de longo prazo.
É aqui que o Design for X (DfX) oferece uma abordagem mais precisa. Ao substituirmos a variável X, que vem de excellence, pelo problema a ser resolvido, conseguimos ter mais foco e alinhar todos na mesma direção. Por exemplo: Design for Accessibility (DfA), como o desenvolvido pelo projeto “Sightwalks” da agência de publicidade Grey em parceria com a Sol Cement (empresa de cimentos) ambas peruanas; ou o Design for Disassemblability (DfD), empregado pela Fairphone, uma companhia holandesa de smartphones modulares, que promove a economia circular, prolongando a vida útil do produto e facilitando o reparo e a reutilização.
Podemos também considerar estratégias mais abrangentes, a partir da abordagem do Design for X, mas ainda sim focadas no Design Regenerativo, tais como o Design for Sustainability (DfS) da Phytorestore, empresa franco-brasileira que utiliza sua experiência em restauração ecológica para tratar esgoto por meio de recursos naturais, promovendo a biodiversidade e a saúde do solo, revertendo a degradação dos espaços urbanos e naturais. E podemos também mencionar a Dengo, outra empresa brasileira com conceito de lucro justo e desenvolvimento socioeconômico, a partir da cadeia do Cacau, utilizando-se do Design for Supply Chain (DfSC).
Devemos definir os balizadores de um projeto indo além do preço, do comportamento do consumidor e do design como solução de linguagem. É necessário introduzir como variáveis não apenas as emissões de carbono, mas também o avanço social e efeitos net positive (ao invés de net zero), considerando o impacto positivo na regeneração de recursos, das cadeias de fornecimento éticas, na regeneração da fauna e flora, na circularidade da economia, na saúde e bem-estar, na educação, entre outros objetivos possíveis e alinhados com cada um dos negócios ou marcas que produzem design e comunicação.
Promover a melhoria contínua em direção a uma abordagem regenerativa é uma obrigação nossa, como Indústria Criativa e de comunicação, não apenas do poder público. A estrutura dos Três Horizontes, desenvolvida pelo International Futures Forum (IFF), fornece uma ferramenta poderosa para navegarmos pelas complexidades de repertório, de orçamento, tecnologias disponíveis, entre outras variáveis que impactam mudanças de longo prazo.
A aplicação da estrutura dos Três Horizontes ao Design de Sistemas Regenerativos nos permite criar um roteiro para a mudança que é, ao mesmo tempo, ambicioso e alcançável. Permite dar respostas às necessidades urgentes do presente (Horizonte 1), investir simultaneamente em soluções inovadoras (Horizonte 2) e vislumbrar um futuro fundamentalmente diferente (Horizonte 3). E o que precisamos, convenhamos, é de um presente e de um futuro diferentes. O ciclo de melhoria contínua (PDCA) pode ser criado a partir de onde atuamos profissionalmente: na evolução de produtos, serviços, marcas e modelos de negócios.
A transição para um paradigma de Design Regenerativo apresenta oportunidades empolgantes, mas também requer enfrentar desafios significativos: mudança de mentalidade, evolução de modelos econômicos e garantia de um esforço coletivo de designers, publicitários, líderes empresariais, líderes de marcas e cidadãos para reimaginar nosso relacionamento com o mundo natural. Devemos cocriar um futuro mais justo e equitativo, sem cair na cilada de ameaças potenciais como resistência política, inércia social e solucionismo tecnológico.
O Design Regenerativo não é apenas um desafio para quem trabalha diuturnamente com isso. É um apelo à ação. Uma mudança de paradigma exigindo que reimaginemos nosso futuro, onde as pessoas e o planeta possam prosperar dentro dos limites de um mundo finito. Nos vemos em um momento crítico, no qual precisamos permitir que toda a vida possa florescer.
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