9 de maio de 2017 - 9h00
Nós nunca achamos que haveria um fim, mas, se houvesse, as marcas sobreviveriam. Imaginamos histórias de ficção científica onde a latinha de Coca-Cola era a última coisa que restava pós-catástrofe planetária — um tipo de última Coca-Cola do deserto onde Mad Max sobrevivia. Imaginamos a imortalidade e a atemporalidade das corporações e das marcas do mesmo modo que imaginamos computadores pessoais, engenharia genética, vídeo-chamada, inteligência artificial e cyborgs.
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Imaginamos porque construir o mundo sempre nos moveu e isso sempre incluiu sobreviver às transformações e lidar com todos os finais possíveis. Enquanto imaginamos histórias, colocamos valores e crenças em prática e resolvemos inseguranças e medos. Enquanto fazemos isso, aprendemos. É assim que salvamos e derrubamos impérios; reconhecemos e vencemos o mal; nos redimimos e aprendemos com o passado; entendemos que existem mais realidades além da nossa; aprendemos sobre diferenças; vencemos preconceitos; abandonamos ou ressignificamos papéis; superamos o crash da Bolsa, a bolha da internet, a crise do subprime e a Lava Jato.
Antes de fazer isso no entretenimento e no marketing, já fazíamos na ciência e na política. Imaginamos a terra redonda antes de poder vê- la do espaço. Como cientista, Da Vinci imaginou homens usando asas antes de construirmos aviões e roupas de wingsuit. Einstein imaginou a relatividade antes de propô- la em uma narrativa matemática e antes que o eclipse total do Sol, em maio de 1919, trouxesse elementos capazes de comprová-la. Martin Luther King imaginou um mundo onde brancos e negros teriam oportunidades iguais antes de a América ter um presidente negro.
É verdade, o que imaginamos para as corporações e marcas não vai se concretizar para todos, muitos não irão sobreviver às transformações do mundo, independentemente de se um dia ele acabar ou não.
Nos últimos anos, muito do futuro que imaginamos se materializou, mas nem todos ainda conseguiram compreender o que isso significa. Mesmo assim, precisamos continuar sonhando o mundo e continuar acreditando que somos capazes de ajudar a construir marcas atemporais, não importa quanto tempo isso signifique. Dessa vez, não para sobreviver ao fim do mundo, mas para ajudar a impedir que ele aconteça.