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Opinião

Oportunidade de ouro ou mais uma moda passageira?

Na China, o live marketing é praticamente uma ciência e mobiliza 597 milhões de usuários, mas no Brasil é preciso levar em conta fatores culturais, comportamentais e econômicas


10 de fevereiro de 2025 - 14h00

Ah, o marketing. Sempre em constante mudança, nova ferramenta ou tendência para repensar tudo. E não é diferente com o live marketing. Desde 2020, apontado como a grande aposta do mercado. Na China, já representa de 15% a 20% de todas as vendas do e-commerce. Mas será que essa moda vai pegar de vez no Brasil? Ou estamos apenas tentando surfar mais uma onda passageira?

O live marketing — antes conhecido por outros nomes e formatos — engloba transmissões ao vivo, interações instantâneas e demonstrações em tempo real. Sua principal vantagem? O contato direto com o consumidor. Aqui, a ideia é engajar as pessoas de maneira genuína, transformando esse engajamento em algo emocional.

Na China, o live commerce é praticamente uma ciência. Em 2023, 597 milhões de usuários assistiram a transmissões ao vivo, representando 54,7% dos internautas. Plataformas como Taobao Live e Douyin (versão chinesa do TikTok) lideram o movimento, oferecendo experiência de compra integrada. Os consumidores interagem com os apresentadores, fazem perguntas, avaliam produtos e compram ali mesmo, em tempo real. Simples, eficiente e altamente lucrativo.

No Brasil, estamos começando a caminhar nessa direção. Segundo dados da QualiBest e Spark, 53% dos internautas brasileiros já conhecem o live commerce, sendo o Instagram a principal plataforma utilizada. A América Latina também está evoluindo rapidamente nesse segmento, com crescimento de 35% no uso do live marketing entre 2021 e 2023. Setores como moda, beleza, tecnologia e varejo estão adotando o formato em massa.

Mas aí vem a pergunta: será que isso vai realmente funcionar por aqui? O Brasil tem suas peculiaridades culturais, comportamentais e econômicas. Embora tenhamos uma legião de criadores de conteúdo e população social e conectada, ainda estamos engatinhando quando o assunto é live commerce.

Muitas marcas estão testando o formato, mas ainda há dúvidas sobre como aplicá-lo de forma eficaz. Apostar em influenciadores com milhões de seguidores é mais eficiente do que investir em criadores nichados? É melhor transmitir diretamente nos canais proprietários das marcas ou usar os perfis dos influenciadores? E qual é o canal ideal: Instagram, YouTube, TikTok? Ter um canal próprio? Cada marca precisa encontrar sua própria receita, baseada no que seu público busca e consome.

Talvez o maior desafio não seja o formato, mas sim como operar e qual papel temos que dar a esse formato. Muitas enxergam o live marketing como mais uma ferramenta, sem entender que ele exige mudança de mentalidade. Não basta “fazer uma live” e esperar resultados milagrosos. É preciso criar conexões reais, oferecer valor ao consumidor e, acima de tudo, ser autêntico. O host tem que ser mais do que criador de conteúdo ou apresentador, e sim bom vendedor, amigo daquela audiência. Precisa mostrar a relevância do que está oferecendo, encantar com a apresentação, interagir com o público, responder suas dúvidas e mostrar na prática como funciona na vida real.

Então, voltando à pergunta inicial: o live marketing vai pegar no Brasil? Eu diria que sim, o live marketing tem potencial e pode ser ótima ferramenta para impulsionar vários negócios. Isso significa investir em testes, entender as nuances do público para cada tipo de negócio e estar disposto a errar e aprender com os erros. E, ao final, realmente criar o que é o live marketing para o seu público.

E você, acredita que o live marketing pode transformar a forma de comprar ou é apenas mais uma onda que vai passar?

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