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Opinião

Os novos alvos dos fundos de private equity

Somente agências de publicidade e empresas de mídia poderão cocentralizar os mega hubs se formando com o cluster que envolve de conteúdo a CTV, retail media e logística


17 de março de 2025 - 6h00

Fundos de private equity deveriam comprar empresas de mídia e publicidade. As razões não são nem óbvias, nem aparentes, nem mainstream. O que pode significar “hidden gems”. Pedras preciosas escondidas.

É o que eu acho.

Deveriam comprar não as empresas como elas são hoje, mas as que podem vir a ser. E, do jeito que vejo, só elas podem vir a ser.

Vou resumir minha tese: somente empresas de mídia e agências de propaganda poderão, cada qual com seu papel, cocentralizar os mega hubs que estão se formando com o cluster (aglomeração justaposta) dos seguintes setores: Conteúdo + CTV + Performance Media (mídia de massa personalizada, com compra programática) + Retail Media + Logística + Fintechs + Big Data.

Esses hubs estão em formação de forma orgânica e esparsa e a inteligência artificial (IA) vai transformá-los na mais poderosa plataforma integrada de conteúdo, comunicação, marketing, logística, vendas e finanças de consumo em cada mercado, em cada nação e globalmente.

Tudo ancorado no que chamo de Sale Content. Redes sociais gravitarão em torno desses hubs, porque não haverá consumo expressivo fora deles.

Somente agências e empresas de mídia conseguem cogerir isso, porque, se no centro do hub, deterão o controle de performance dessa audiência e poderão, dotadas da tecnologia correta, levar tudo a ordens de magnitude gigantescas.

CTV passa a ser o canal por excelência do hub: algoritmos e IA personalizando a experiência de visualização, com base no comportamento de cada usuário.

A audiência faz sua grade individual e se autodefine como target de mídia. E de vendas. Porque CTV vai virar varejo. E agência bancária.

Isso é Sales Content.

Há, contudo, vários problemas a serem enfrentados para isso acontecer:

  1. O conservadorismo cultural desses dois setores: nenhum deles foi líder de disrupção tecnológica nenhuma na história até hoje;
  2. O enorme gap tecnológico, que agora estão ambos correndo atrás para reduzir;
  3. A incapacidade de serem eles mesmos protagonistas de uma transformação dessa natureza;
  4. A falta dos recursos não apenas financeiros, como de visão, gestão e governança necessários para tal empreitada;
  5. Ah … e o conservadorismo dos Fundos de Private Equity também.

Os fundos têm dificuldade de perceber tudo isso. Não está necessariamente no seu repertório. Até porque publishers, mídia e publicidade sempre foram serviços de baixa escalabilidade. Mas esses fundos, por anos, viram isso dessa forma. E, corretamente, nem olharam para essas indústrias.

Agora, não enxergar é não ver. Se vencerem o item 5, os fundos de Private Equity podem prover todos os demais. Tais fundos abraçam com frequência teses de consolidação setorial e de indústrias.

Estou dando uma novinha em folha aqui de bandeja para eles.

Fundos de Private Equity também olham seus investimentos pelo outro lado, buscando oportunidades para melhorar a eficiência operacional, reduzir custos e aumentar margens dos negócios. Mesma coisa. Essas mega plataformas levam a eficiência, redução de custos e aumento de margens a níveis nunca antes atingidos.

De bandeja de novo.

As principais transações de private equity nesses setores envolvem a compra da Adevinta por US$ 13 bilhões pelo fundo Permira; da All3Media por US$ 1,5 bilhão pelo Blackstone; da Paramount Global por, aproximadamente, US$ 2,4 bilhões pelo RedBird; e da AMC Networks por US$ 1,9 bilhão pelo Apollo.

O Truelink Capital, um fundo de private equity dos Estados Unidos, acaba de apoiar a aquisição da agência R\GA, antes pertencente ao Interpublic. No pipeline, a construção de uma base de desenvolvimento tech voltado para o setor. Se as informações da mídia especializada forem corretas, é isso. Eles entenderam. Estão montando um pedaço do hub que descrevi aqui. Mas só um pedaço.

O Publicis comprou recentemente a Lotame, de dados e AI. É possivelmente a holding do setor mais avançada no caminho da construção de outro pedaço do hub. O WPP também comprou a Stability AI, proprietária da Stable Diffusion, AI generativa text-to-image. Mas em ambos os casos, só outro pedaço.

O setor de retail construiu uma parte estratégica do hub, com seu braço de retail media. Mas só uma parte. Eles não têm conteúdo. E cada um ali é cada um. Gerindo suas próprias (e poderosas, é verdade) audiências cativas. Mas, em silos.

Eles também têm conexão com as fintechs. O braço financeiro que, por sua vez, não gera tráfego, nem atrai ninguém. Porém, é a ponta mais rentável da cadeia, podendo irrigar monetização para todos os demais elos.

No entanto, somente as agências conseguem, se dotadas de poderosos centros de dados com IA, como o que o Publicis pretende montar, gerir o todo, integrando todos eles como mídia.

E, de novo, só sob a tese de consolidação de um private equity isso pode ser gerido de forma integrada e mirando o 4.0 da nova Era IA.

Fácil está bem longe de ser.

Exatamente por isso é também, como disse no início, uma hidden gem.

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