Os novos contratos sociais e as tensões culturais nas comunicações
Marcas que fugirem de determinados temas não alcançarão a tão sonhada longevidade no mercado
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Uns meses atrás, li um texto no Meio&Mensagem, parte da cobertura do Maximídia, sobre a apresentação de Gian Martinez, cofundador e CEO da Winnin, plataforma que usa inteligência artificial para consolidar dados das maiores plataformas de vídeos do mundo e permite aos profissionais de marketing e aos criativos analisar e criar estratégias em cima dessas informações. Ele falou sobre dez tensões culturais às quais toda marca deve prestar atenção.
Tenho pensado muito sobre isso ultimamente. Muita gente diz que o mundo está mais chato, que não se pode fazer mais piada de nada. Discordo. Eu acho que estamos vivendo uma era de reestruturação dos nossos contratos sociais em que é cada vez mais necessário ter uma relação de respeito com todos os seres humanos, todos os grupos e nichos e também com o planeta que habitamos.
Quando pensamos nos reflexos desse fenômeno no âmbito da comunicação, observamos uma maior demanda por criatividade dos talentos da área, o que, particularmente, vejo como um movimento extremamente positivo. Tem infinitas maneiras de anunciar cerveja sem explorar o corpo feminino, milhares de caminhos para criar uma marca descolada e jovem de roupas sem reforçar o conceito da supremacia branca. Um parênteses aqui: sugiro que leia essa análise que fiz do documentário sobre a Abercrombie & Fitch.
Com base na leitura do texto do M&M, que mostra as ideias de Martinez, eu trago aqui as minhas próprias divagações sobre o tema:
Acredito que estão fadadas ao fracasso as marcas incapazes de respeitar as questões de gênero e opção sexual de todos os indivíduos. Não podemos tratar mulheres como minoria, elas representam pelo menos metade da população e, tradicionalmente, têm alto poder de decisão no orçamento das famílias.
Qualquer campanha que ofenda a comunidade LGBTQIA+ também será duramente rechaçada mesmo por quem não pertença a esses grupos.
A propaganda já foi muito racista. Seja na falta de diversidade entre os modelos selecionados para as campanhas, seja nas ofensas abertas e deliberadas disfarçadas de piada. Simplesmente não há mais nenhum espaço para isso e marcas que recorrerem a esse tipo de discurso e comportamento correm risco de extinção.
A população brasileira envelhece, é fato. Marcas que não entenderem essa dinâmica e insistirem na hipervalorização da juventude perderão grandes oportunidades.
O público, de forma geral, está muito preocupado com o futuro do planeta e vigilante com relação a comportamentos incondizentes com as práticas sustentáveis. As marcas que não fizerem movimento de alinhamento, da cadeia produtiva aos meios de entrega, perderão parcela expressiva dos consumidores sim ou com certeza.
Acredito que marcas que desconsiderarem esses pontos que menciono acima terão dificuldades de conquistar o público e se posicionar no mercado no médio e longo prazo. Não haverá comunicação capaz de garantir a elas tão sonhada perenidade.
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