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Opinião

Ossos do ofício

A imprevisibilidade é parte da rotina de quem tem a informação como matéria-prima, mas a semana foi de intensidade atípica na indústria da comunicação


12 de agosto de 2019 - 11h48

(Crédito: Glenn Carstens Peters/ Unsplash)

“Quando você voltar, a gente vê. Pode ser hoje ou amanhã. Talvez na quinta-feira, mesmo. Esta semana vai ser tranquila.”

Foi como uma premonição — mas ao avesso. De saída para o estúdio na Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo, onde foram realizadas as sessões de fotos e entrevistas das homenageadas do Women To Watch deste ano, nos minutos derradeiros da manhã da terça-feira, 6 de agosto, o repórter Salvador Strano mal podia imaginar o quão equivocado eu estava ao respondê-lo se achava que o esperado happy hour da redação finalmente desencantaria naqueles dias.

Nas horas seguintes, uma série de mudanças nas lideranças de grandes agências e empresas passariam a ser confirmadas pelas fontes de Meio & Mensagem, com impacto importante sobre o mercado e, consequentemente, sobre toda a dinâmica de trabalho planejada.

A imprevisibilidade é parte da rotina de quem tem a informação como matéria-prima no ofício, mas a semana passada foi de intensidade atípica na indústria da comunicação, pela quantidade de notícias relevantes sendo apuradas ao mesmo tempo.

Começou com um telefonema confirmando a despedida de Fabio Fernandes da F/Nazca, que ele fundou e transformou numa super grife criativa da publicidade brasileira. Se não pode ser considerada uma surpresa, por conta dos rumos que a parceria há tempos tomava, a saída tampouco foi consensual, como o próprio Fabio deixou claro no post que publicou em seu perfil no Facebook.

“Por minha vontade, nunca deixaria a F/Nazca. E ainda que algum dia pensasse em fazê-lo só o faria na certeza de que ela estivesse em velocidade de cruzeiro”, afirmou. O final da relação é emblemático. Fabio era tanto o último fundador quanto o derradeiro criativo da geração que elevou o patamar global da criatividade brasileira no comando de uma das maiores agências do mercado.

Já na manhã da quarta-feira, 7 de agosto, enquanto tentavam descobrir o que aconteceria com a F/Nazca sem seu idealizador, os jornalistas de Meio & Mensagem foram se deparando com o desfecho de histórias que já circulavam nos bastidores, como a ida de Ricardo John para liderar a FCB, e tomando conhecimento de novas movimentações, como a contratação de José Boralli para o comando da operação da BETC.

Dezenas de ligações, negativas e confirmações mais tarde, quando todas as checagens indicavam que havíamos elucidado as histórias mais quentes da semana, um último telefonema estendeu o expediente noite adentro, por mais algumas horas. Sergio Amado estava deixando o posto de country manager do WPP, encerrando uma trajetória de 23 anos na holding, com Stefano Zunino, então CEO da J.Walter Thompson para a América Latina, assumindo a chefia do grupo no Brasil. Na tarde da quinta-feira, 8 de agosto, os dois receberiam o editor- chefe Alexandre Zaghi Lemos, que saiu direto das férias para a entrevista exclusiva, na sede da Young & Rubicam.

Em tempo: o happy hour da redação ficou para a próxima semana. Falta combinar com os russos.

*Crédito da foto no topo: Hunters Race/ Unsplash

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