Palanque digital
Protagonistas na disputa por votos nas eleições, redes sociais são palco do eterno enxuga gelo do combate à desinformação, a 40 dias do primeiro turno
Protagonistas na disputa por votos nas eleições, redes sociais são palco do eterno enxuga gelo do combate à desinformação, a 40 dias do primeiro turno
Pouco mais de 40 dias nos separam do primeiro turno das eleições, em 2 de outubro. Nestas próximas seis semanas, a campanha eleitoral será assunto dominante na mídia e nas redes sociais.
A crescente influência do ambiente digital no debate político demanda ações de moderação nas redes, que despertam controvérsia, opondo os que as acusam de tolher a liberdade de expressão aos que avaliam que as providências são anódinas no combate ao avanço da desinformação, que demanda postura mais comprometida e rigorosa.
Esse é o tema da reportagem da jornalista Taís Farias, que merece o destaque de capa desta edição e mostra que Google, WhatsApp, YouTube, Twitter, Instagram, Facebook, TikTok e Telegram estão no epicentro da discussão sobre responsabilidades das big techs na transparência, equilíbrio e lisura do processo eleitoral.
Remoção de informações falsas, identificação específica para postagens sobre eleições e perfis de candidatos, canais de denúncia abertos aos usuários direcionamento para páginas oficiais da Justiça Eleitoral e até mesmo campanhas publicitárias contra as fake news estão entre as providências das plataformas digitais, que, além disso, investem alto nas estratégias de preservação da segurança e integridade de seus ambientes e dados, para defendê-los em casos de possíveis ataques hackers.
Neste complexo ambiente, a inteligência artificial joga em dois times: por um lado, viabiliza chatbots para esclarecimento de dúvidas dos eleitores e ferramentas capazes de checar com celeridade padrões de postagens e imagens que violam as regras das plataformas, acelerando a identificação de fraudes e a retirada de conteúdos explicitamente falsos do ar; por outro, alimenta novas armas de desinformação, como as deepfakes.
Na semana passada, logo na largada do período oficial da campanha eleitoral, iniciado na terça-feira, 16, parte do eleitorado brasileiro foi alvo de uma montagem em vídeo com informações falsas sobre uma pesquisa de intenção de votos, com a voz da apresentadora Renata Vasconcellos, da Globo.
Nesta semana, o peso da mídia na campanha eleitoral aumenta significativamente, com as sabatinas com os presidenciáveis no Jornal Nacional e o início, na sexta, 26, do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. As entrevistas no principal telejornal brasileiro serão, até aqui, a primeira arena do jornalismo profissional ao qual se expõem os dois principais candidatos à presidência, já que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) ainda mantêm incertezas em relação a suas presenças em debates.
Tal situação deu protagonismo pela primeira vez numa campanha presidencial brasileira aos videocasts, que contaram com as participações de ambos ainda antes do início oficial da campanha, com Lula no PodPah e Bolsonaro no Flow, onde foram recebidos com o tapete mais confortável do entretenimento, em mais duas ocasiões que são exemplos de como a arena das redes sociais é protagonista na atual disputa por votos.
Para marcas, equipes de marketing e agências, o período de campanha eleitoral é desafiador. É preciso recalcular não apenas a intensidade de presença e ações de comunicação nas mídias e redes, considerando o tema dominante nesses ambientes, como, ainda mais árduo, estabelecer o tom de sua comunicação e limites de aproximação com o debate público eleitoral. Em uma época de maior cobrança por posicionamentos, a política ainda é território tabu para a maioria das marcas, mas atrai atenção máxima do interesse do público, alimenta diálogos polarizados e cria ambientes tóxicos que exigem vigilância constante da sociedade e atuação responsável da mídia, plataformas e redes sociais
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