Publicidade: peça fundamental para um mundo igualitário
Um mundo onde mais pessoas têm sua voz respeitada é um mundo onde todos avançam
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O ano de 2016 não foi para os fracos. Trump, Brexit, Isis, pós-verdade, Síria, Venezuela e um cenário político brasileiro que fez House of Cards parecer uma série para crianças. Apesar da onda conservadora ter ganhado força, a publicidade felizmente não seguiu essa tendência e mostrou que é peça fundamental no empoderamento feminino a na luta pela diversidade.
O ano de 2016 trouxe avanços significativos na comunicação das marcas brasileiras. Avanços que mudaram a maneira de comunicar de toda uma categoria e que abandonaram velhas fórmulas. Muitas marcas revisaram seu posicionamento e eliminaram todo resquício de opressão e hipersexualização do corpo feminino. Mulheres foram protagonistas de suas próprias histórias e não apenas serviram como objetos para decorar um bar ou uma roda de samba.
O racismo institucionalizado foi abordado pelo governo do Paraná com uma mensagem bem clara: é crime. A diversidade também entrou na pauta e marcas de cerveja saíram do seu quadrado e abraçaram esse público gigante, porém, politicamente minorizado. Pessoas fora dos padrões estamparam pela primeira vez lindas campanhas de marcas de cosméticos, ampliando o nosso conceito de beleza. E lá fora essa mudança também se concretiza. É só ver a premiação do Glass Lion em Cannes e os comerciais do Super Bowl.
Graças à internet, públicos minorizados agora têm um alto-falante (porque voz eles sempre tiveram) e não vão mais ser silenciados pela falta de representatividade ou por uma representação nociva
Posso estar sendo Pollyana, mas acredito que a maioria dos criativos entendeu que o mundo não ficou mais chato. Ele ficou mais justo e mais coerente. Graças à internet, públicos minorizados agora têm um alto-falante (porque voz eles sempre tiveram) e não vão mais ser silenciados pela falta de representatividade ou por uma representação nociva.
Chato não é o contrário de ofensivo. Isso ainda é argumento de quem tem preguiça e não quer perder seus privilégios, seja a piada racista/machista no elevador ou simplesmente entender que um mundo onde mais pessoas têm sua voz respeitada é um mundo onde todos avançam. O ano de 2017 dá seguimento ao legado do ano anterior. Tivemos, pela primeira vez, uma Globeleza vestindo roupas (e não nua, coberta apenas com purpurina). Agora ela dança cercada por outros bailarinos celebrando os diferentes ritmos do Carnaval. Essa sutil mudança é sim um avanço para todas as mulheres negras que já não aceitam mais ter seus corpos associados à permissividade e ao imaginário gringo sobre a mulher brasileira.
Se a publicidade reflete a cultura e os valores da sociedade, nós, como publicitários, devemos sempre questionar que valores são esses que estamos reforçando. Somos uma peça fundamental na representação de um mundo mais justo. Então, deixemos que o arco do universo moral se incline ainda mais em direção à justiça. Expandir os limites de gênero aumenta as possibilidades para todos: criativos, criativas, marcas e consumidores.
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