Perfis opostos se atraem
Em vez de tentar me encaixar em um perfil padrão, entendi que meu valor está exatamente em ser diferente
Em vez de tentar me encaixar em um perfil padrão, entendi que meu valor está exatamente em ser diferente
Você está em uma sala de reunião dizendo A, a outra pessoa está dizendo B, você dizendo C, a pessoa falando D. Se identificou? Essa cena aconteceu incontáveis vezes na minha carreira e na maioria delas saí da sala sentindo que estava fazendo tudo errado.
Costumava achar que era falta de sintonia e batia aquela síndrome da impostora no capricho. Até que, depois de muito sofrimento, tive o grande insight: a gente precisa se encontrar no meio do caminho, naquele lugar em que pessoas com pontos de vista complementares somam e fazem a mágica acontecer.
Sempre me preocupei em reforçar para os meus times a importância de termos perfis complementares, de como nos fortalecemos na diversidade. Eles não competem uns com os outros, eles se elevam. E uma das minhas funções é exatamente delegar a cada profissional o tipo de demanda adequada para que ele possa contribuir com o que tem de melhor.
É importante acolher a insegurança das pessoas exaltando suas habilidades únicas, a assinatura individual conquistada com o tempo de experiência, a contribuição que só elas trazem para o coletivo. Eu prego o trabalho colaborativo, a soma, a riqueza de perfis diversos dentro de um time.
Ironicamente me peguei não acolhendo a minha própria insegurança com a mesma dose de realidade ou gentileza. Só conseguia me sentir deslocada e perdida, uma grande impostora.
Tive gestores com grande dificuldade de lidar com pessoas diferentes deles, que esperavam atitudes e reações similares: que trabalhassem o mesmo número excessivo de horas, que pensassem da mesma forma, que não questionassem nada. Acho curioso tentar adivinhar o que se passava na cabeça deles, porque quando me tornei gestora a primeira coisa que percebi é que jamais poderia lidar da mesma forma com duas pessoas diferentes.
Tem o expansivo, o introspectivo, o workaholic, o ansioso, o sensível, o resolutivo, o criativo, o técnico, o inconformado, e eu poderia passar páginas inteiras citando diferentes personalidades e peculiaridades. Nenhum gestor pode tratar os colaboradores como protocolos, somos seres humanos em toda a sua complexidade.
E aí eu volto ali para o início de tudo isso, concluindo que o problema era a minha percepção sobre aquelas trocas. O que eu esqueci de colocar na equação de cada reunião frustrante é que as pessoas têm linhas de raciocínio que caminham em direções complementares, com conhecimento adquirido em contextos e escolas profissionais diferentes.
Meu erro foi achar que estávamos nos opondo quando na verdade podemos contribuir muito umas com as outras. Preciso me alimentar de outros modelos de pensamento para ampliar o meu e vice-versa, e só dessa forma teremos o melhor de todos os mundos. Faz toda a diferença em qualquer projeto e ainda mais diferença no nosso desenvolvimento profissional.
A partir do grande insight, percebi que a síndrome da impostora não me cabia mais, porque entendi o meu papel. Hoje sei exatamente como posso contribuir no meu ambiente profissional, parei de tentar ser quem eu não sou por achar que não me encaixo. Aprendi que o meu valor está exatamente em ser diferente e única. Pra terminar, fica aqui meu convite: vamos nos encontrar no meio do caminho?
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