Pilha no Brinquedo #15: Laços fracos
Os “laços fortes” estariam relacionados a conexões íntimas com familiares e amigos, já os “laços fracos” a nossas relações cotidianas, nas redes sociais
Os “laços fortes” estariam relacionados a conexões íntimas com familiares e amigos, já os “laços fracos” a nossas relações cotidianas, nas redes sociais
A primeira vez que escutei a respeito, foi nesta entrevista da CBN (link no final do texto). Juro que fiquei impressionada, pois fui condicionada a pensar, que o “correto” ou talvez o mais “eficiente’” seria sempre optar por laços que pudessem ser fortes o suficiente, e somente estes, seriam capazes de gerar verdadeiras conexões. Por mais contrastante que possa parecer, existe algo relevante e mobilizador no que chamamos de “laços fracos”, que interfere nas relações sociais de forma efetiva.
A teoria não é nova, mas diria que pertinente e atual: segundo Mark Granovetter (1973), a difusão de informações e a mobilidade social podem estar entrelaçadas. Trocadilho ou não, o fato é que essa teoria, nos traz um pensamento de que estes “laços” são capazes de conectar diferentes grupos sociais, diferentes círculos sociais, como uma corrente de novas conexões – e por consequência, traria benefícios concretos.
O primeiro deles é a o que Mark chama de “eficiência na difusão de informações”. Os laços fracos facilitam a disseminação rápida de informações novas e variadas entre diferentes grupos sociais, que já estão conectados, e são ativados. Não é comum ouvir que as mesas de bar são grandes disseminadores de informações?! Pois é… não necessariamente você está em um ambiente 100% seguro, mas muita coisa rola depois de umas e outras e você fica sabendo de coisas que não saberia nem pelo seu laço forte.
O segundo, é a possibilidade de gerar mobilidade social. Ou seja, permitem acesso a recursos e oportunidades fora do alcance dos alguns “laços fortes”, contribuindo para a mobilidade socioeconômica. Ex. Já pensou que aquele alguém com quem você eventualmente tomou café em algum lugar junto, pode lembrar de uma você numa indicação de emprego?
O último, mas não menos importante é a integração, que gera “diversificação de tribos”, nem que seja intelectual. Mas como? Essa conexão fomenta a interação entre diferentes tribos e grupos. O gatilho está em ficar atento a qualquer possiblidade de interação como uma conexão interessante, o que pode incluir pessoas que você nunca pensou. Sabe o papo no elevador que gera negócio, com alguém que você nunca conversou antes? Faz sentido, se considerarmos que o “laço”, independentemente da sua força, é o elemento de ligação entre as pessoas que participam de uma determinada rede. Os “laços fortes” estariam relacionados a conexões íntimas com familiares e amigos, já os “laços fracos” a nossas relações cotidianas, nas redes sociais. Por estarem distantes ou pertencentes a outros grupos, outras referências, os “laços fracos” são capazes de levar sua mensagem “compartilhada” a outras pessoas, de outros círculos: seja seus próprios círculos com laços mais fortes ou a outras pessoas com laços mais fracos. E, assim, a propagação da mensagem continua criando possibilidade de novas conexões. O que é diferente do que acontece com uma mensagem difundida com os “laços fortes”. A meu ver interessante e verdadeiramente poderoso. Para mim, já gerou até negócio.
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