Polêmicas extracampo afastam patrocinadores da Copa América
Para proteger suas marcas, patrocinadores ficam de fora do evento internacional
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Aconteceu o que era previsto. Patrocinadores importantes, grandes empresas de fama mundial (Ambev, Mastercard e Diageo), decidiram não ativar o patrocínio já firmado com a Copa América, torneio organizado pela Conmebol e que este ano acontece no Brasil. Estas empresas não querem os seus logotipos vinculados ao evento, que semana antes do seu início esteve envolto a polêmicas de cunho moral, político e sanitário. Uma mistura, como se percebe, nada esportiva.
Os fatos que estimularam a decisão são vários e todos eles graves: primeiro, a indefinição do local da competição, anteriormente marcada para a Colômbia, que desistiu de sediá-la por causa do agravamento da pandemia no País; segundo, a confirmação do evento no Brasil contrariando especialistas sanitários, que há tempos alertam para o advento da terceira onda de contaminação; terceiro, o rumoroso caso de assédio moral e sexual do presidente da CBF contra uma secretária da entidade; quarto, a questão envolvendo os jogadores, que decidiram ficar em cima do muro e participar da competição, apesar dos apelos no sentido contrário de segmentos diversos da sociedade.
Não é difícil entender o recuo publicitário. Estas empresas têm um patrimônio valioso a zelar, a sua reputação, não raro construída com investimentos consideráveis de tempo e dinheiro. Não dá mesmo para deixar estas marcas coladas a um evento tradicional, mas com a percepção de imagem, ao menos nesse momento, extremamente adversa. É melhor agir e não se deixar contaminar!
A atitude dessas empresas é sobretudo preventiva. Ninguém sabe como este quadro, que já está complexo, será percebido pela Opinião Pública, principalmente se surgirem novidades e ocorrer o agravamento do caso de assédio do dirigente; se aparecerem casos de contaminação entre profissionais envolvidos com o torneio; e se a seleção brasileira se revelar inconstante nos gramados durante a competição. O volume das críticas, por certo, será maior e presumivelmente mais forte. Se tal cenário acontecer, o melhor para qualquer marca é estar estrategicamente distante, ainda que por breve período, até a poeira baixar.
A decisão desses patrocinadores não aconteceu de uma hora para outra. Pelo contrário, assim que o caso de assédio do cartola estampou na mídia, algumas delas já se diziam preocupadas e não escondiam que estavam analisando criticamente o cenário. Avaliavam decisões radicais. Na sequência, surge a confirmação da Copa América no País, com apoio político presidencial. Os especialistas sanitários não escolheram palavras para os seus comentários, bastante duros, bem como políticos e jornalistas, que denominaram a Copa América de “Copa Covid”. Nas redes sociais, críticas e memes em profusão. Diante de tantas intempéries, os patrocinadores não demoraram em tomar decisões.
As empresas sabem que não podem brincar com a percepção de imagem e nem vacilar com a reputação. Ambas, por tudo o que representam para os negócios, precisam ser preservadas a todo o custo. Esta sempre foi uma preocupação importante das empresas, que aumentou consideravelmente após o advento da Internet e das redes sociais, que se tornaram um campo minado. Um passo em falso e qualquer marca entra na berlinda. Assim sendo, melhor deixar o gerenciamento desta crise de imagem apenas nas mãos dos cartolas da CBF, da Conmebol e da comissão técnica da seleção Brasileira. Foram eles que “pisaram” na bola!
*Crédito da foto no topo: Emilio Garcia/Unsplash
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