Assinar

Por que você deve desistir de focar nos clientes?

Buscar

Por que você deve desistir de focar nos clientes?

Buscar
Publicidade
Opinião

Por que você deve desistir de focar nos clientes?

A preocupação demasiada com o atendimento ao cliente culmina numa má formatação da nossa proposta de valor, que fica enviesada a cada adaptação que realizamos para trazer mais um cheque para casa


3 de novembro de 2016 - 8h00

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

Tudo começou numa discussão no interior de São Paulo. No bate-papo com amigos de uma agência de marketing digital, as reclamações eram as mesmas: dificuldade na compreensão do cliente sobre o escopo do serviço de marketing, remuneração aquém do esperado, momento de crise no segmento, contas que vêm e vão… Até o momento que lembrei de um texto do Nizan Guanaes, relatando que “a propaganda precisa fazer propaganda de si mesma”.

A reflexão levou a um ponto crucial: o que estamos fazendo para desenvolver nossos negócios e atender os clientes? A conclusão é a mesma independente se estamos falando de uma empresa de serviços de marketing e comunicação, restaurante, lavanderia ou oficina mecânica. Ficou sintomático, na nossa discussão, que a preocupação demasiada com o atendimento ao cliente culmina rapidamente numa má formatação da nossa proposta de valor, que fica enviesada a cada adaptação que realizamos para trazer mais um cheque para casa.

Criar um modelo de desenvolvimento de clientes também significa dizer “não” a quem for necessário, ou seja, àqueles que não se adaptam ao que você quer oferecer

O desafio é dizer “não” enquanto a conta não fecha, ou quando o crescimento vem em passos lentos, ainda que alinhados com o seu DNA de marca. Aliás, raras são as agências e mesmo consultorias que, ao explorar o branding dos seus clientes, se lembram e/ou apresentam o próprio e como ele se aplica a todos os seus pontos de contato com o mercado.

Ao mesmo tempo que se esquece o desenvolvimento da marca por conta da ânsia pelo crescimento (e cria-se uma miopia na percepção do trabalho oferecido), são poucas as empresas que possuem um modelo ou foco na obtenção consistente de novos negócios – sejam eles clientes, parcerias, treinamentos, cursos, palestras, etc. Ou seja: você se mata para atender a todo custo os mesmos clientes, mas esquece de trazer outros mais consistentes com a sua proposta de negócio para imprimir aquele seu sonho que, como esta discussão, não raro começou rabiscando num bar.

Por isso, minha sugestão é desistir de focar nos clientes. Vá contra a lei número 1 de qualquer livro de administração, vendas e marketing. Mas calma: não seja um completo negligente. Tenha consigo a inteligência de mercado e foque na construção da sua proposta de valor. Oriente-se ao que você quer entregar, e não somente ao desejo do outro lado do balcão. Só assim vem a escala que qualquer empresa almeja. Já pensou se um restaurante adapta o prato ao gosto de cada cliente? Se a Apple ou a GM fizesse um gadget ao gosto de cada usuário? Sustentar cada vez mais pratos e gadget invariavelmente os levará à falência em algum momento.

Para o planejamento do próximo ano da sua agência, sugiro que desista dos clientes, construa a melhor proposta de valor ao mercado e ponto. Se foque no desenvolvimento do negócio e acredite: seja para os atuais ou novos que virão vai ser a melhor escolha que você pode fazer para eles.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Além do like

    O papel estratégico da área jurídica na relação entre marcas e influenciadores

  • A consciência é sua

    A consciência é sua

    Como anda o pacto que as maiores agências do País firmaram para aumentar a contratação de profissionais negros e criar ambientes corporativos mais inclusivos?