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Opinião

Por um mundo do marketing mais humano

O excesso de tecnologia e estratégias digitais pode causar um efeito contrário e devastador na relação do consumidor com aquelas marcas que não souberem dosar o uso


16 de junho de 2021 - 17h49

(Crédito: Fotografierende/Unsplash)

Não há dúvidas de que sairemos da pandemia mais digitalizados e tecnológicos do que entramos. Até as gerações mais resistentes se renderam. A famosa relação homem-máquina nunca esteve tão presente quanto nos dias de hoje. Compras, trabalho e relacionamento passam por isso diariamente desde o primeiro dia de pandemia.

Já passamos, em muito, da fase Uber, iFood e Airbnb. Materializamos de vez nesse período o pensamento da cauda longa do Chris Anderson com os poderosos e-commerces nacionais e mundiais. Essas marcas nunca estiveram tão fortes e, com certeza, foram as que mais souberam aproveitar melhor o momento e criaram uma nova relação de consumo e relacionamento com os mais variados públicos.

Se por um lado a pandemia acelerou essas tendências de consumo na vida das pessoas, por outro, devido ao aumento do uso efetivo das tecnologias, orientou bastante o pensamento estratégico dos profissionais de marketing e comunicação para o universo digital. A busca por ferramentas e canais digitais, seja por cliente ou agências, nunca esteve tão na pauta. A resultante disso tudo foi o acompanhamento nesse período de muita gente apostando, testando e programando fortemente suas estratégias nessa área. Se ainda existia alguma dúvida da era digital, por mais estranha ou pequena que ainda fosse a dúvida, a resistência, ou mesmo a teimosia, sobre a necessidade de pensar o digital de forma mais contundente, com certeza ela se dissipou em algum ponto nos últimos 15 meses.

Em um momento tão singular da história da humanidade, por toda mudança de comportamento acelerada a partir do surgimento do vírus, aparece mais um novo desafio para ser discutido a partir de uma definição mais real de cenário cotidiano nas ações: equilibrar o excesso de pensamento digital e trazer novamente mais humanização nas estratégias, principalmente no relacionamento marca x consumidor, independentemente do canal, para a maioria dos anunciantes.

O excesso de tecnologia e estratégias digitais é preocupante e pode causar um efeito contrário e devastador na relação do consumidor com aquelas marcas que não souberem dosar o uso. Não defendo com isso um retrocesso, ou um ataque ao uso de ferramentas tecnológicas a favor do marketing e da comunicação, mas a necessidade de criar um pensamento estratégico mais equilibrado, em linha com o propósito do marketing, que é colocar, nesse caso recolar para algumas marcas, o consumidor como a parte mais importante do mercado.

Trazer o consumidor para o centro dessa estratégia é perfeitamente condizente com o uso das melhores práticas e ferramentas digitais. Muitas marcas fazem isso bem e vêm ganhando um terreno importante nesse tempo de pandemia e digitais. Na verdade, elas não abriram mão de uma coisa em detrimento de outra. Elas simplesmente mesclaram tudo com inteligência e criaram um universo empático de escuta, relacionamento e comportamento. Tecnologia e humano nunca foram tão próximos.

E com a chegada e a consequente aplicação de ferramentas ainda mais poderosas tecnologicamente, como inteligência artificial e internet das coisas, no dia a dia das pessoas, o cenário vai ficando mais desafiador para aqueles que não despertaram essa consciência.

Portanto, o caminho mais promissor, é alinhar todo esse arsenal tecnológico do bem a favor das estratégias, mas não esquecer o valor básico do marketing, que é a sua construção a partir da relação de marca, ou produto, com o consumidor. Ter como mantra orientador que, independentemente do avanço tecnológico, o ser humano sempre será o foco das ações de marketing e comunicação.

*Crédito da imagem de topo: piranka/iStock

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