Preço, prazo e qualidade: escolha os três
A inteligência artificial (IA) generativa nos coloca cada vez mais perto de poder escolher todos esses atributos, em vez de sacrificar algum deles
A inteligência artificial (IA) generativa nos coloca cada vez mais perto de poder escolher todos esses atributos, em vez de sacrificar algum deles
20 de fevereiro de 2025 - 6h00
Há uma máxima no mercado publicitário que diz que, entre preço, prazo e qualidade, é preciso escolher apenas dois. Quer algo bom e barato? Vai demorar. Quer algo bom e rápido? Vai ser caro. Quer algo rápido e barato? Não vai ser da melhor qualidade. Só que as novas ferramentas de inteligência artificial estão mudando isso.
A máxima do “preço, prazo e qualidade” é bastante antiga – ou seja, a visão de que as agências e seus clientes estão perpetuamente de mãos atadas está enraizada no pensamento do nosso mercado. No mundo anterior ao digital, era praticamente impossível produzir peças baratas, porque tudo dependia de processos físicos. E o mundo da publicidade vivia tempos de vacas mais gordas, o que tornava possível manter esse arranjo de pé.
Quando os primeiros computadores chegaram, as coisas começaram a mudar. O “escolha dois” balançou: a digitalização deu um primeiro passo na direção de baratear e trazer maior agilidade aos processos – além de ter trazido novas possibilidades criativas.
Mas podemos afirmar que, ainda assim, o impacto daquele primeiro momento não se compara ao que estamos vivendo na década 2020, com as novas portas abertas pela inteligência artificial. A inteligência artificial (IA) generativa coroa essa história iniciada pela digitalização. Estamos cada vez mais perto de poder escolher preço, prazo e qualidade sem precisar sacrificar nenhum deles.
Quando falamos de IA no mundo criativo, o ganho de eficiência em termos de tempo é, talvez, o mais fácil de visualizar. Na era digital do início do século 21, havia outra frase famosa no mercado, apelidada de “máxima da pastelaria”: “fazer banners digitais é como fazer pastel, sai um a cada 2 minutos”. Agora, com IA, estamos falando de novas peças sendo criadas em apenas segundos, e com possibilidades de ampliação de escala. E, desta vez, quem está fazendo “o trabalho sujo” não é você, é a máquina. Isso, por si só, já seria revolucionário.
Os ganhos com relação à velocidade dialogam intimamente com os ganhos ligados a custos. Produzir algo com maior agilidade, facilidade e escala implica um aumento de eficiência, e os clientes esperam que isso se reflita numa redução de gastos. Mas o ganho de preço pode demorar um pouco para se firmar, pelo simples motivo de que a nova IA está em estágio inicial – a fase ainda é de implementação. E para entrar na nova era tecnológica, as empresas do setor vão precisar investir para participar do jogo.
Perceber que a inteligência artificial ajuda a tornar os processos mais rápidos e mais baratos é algo quase intuitivo. Mas é na qualidade que está “o pulo do gato” das inteligências artificiais generativas. Onde está o diferencial qualitativo dessas novas ferramentas?
Penso que a resposta está, primeiramente, na customização. Ou seja, junto com a velocidade e o barateamento, as inteligências artificiais generativas nos permitem produzir em escala pensando em “nichar” as peças ao nível mais detalhado. Antes, era impossível pensar que escala e personalização poderiam andar juntas – tanto que Henry Ford cunhou a célebre frase “o cliente pode comprar o carro na cor que quiser, desde que seja preto”.
Os tempos mudaram. Hoje, quem determina o que é melhor é o consumidor. E a personalização em escala – potencializada como nunca pela inteligência artificial – permite que tudo seja customizado para atender as dores específicas de um cliente ou um grupo. E mais, esse processo nunca para, porque com a IA, as peças podem ser alteradas e melhoradas o tempo todo, de forma automatizada – por isso, na Monks, falamos em “trabalho em tempo real”.
Há também uma segunda frente de ganho de qualidade, ligada ao fato de que as próprias ferramentas de IA continuam aprendendo, seguem aprimorando seus processos e, por consequência, aperfeiçoando seus resultados. Pense, por exemplo, na evolução das ferramentas de transcrição de áudio. O salto de qualidade dos últimos anos é imenso. E quanto melhor a ferramenta, maior o ganho de eficiência e maior a possibilidade de que os humanos por trás de tudo isso se dediquem a trabalhos mais valiosos.
Na minha visão, estamos entrando em uma espiral positiva em que os ganhos de preço, prazo e qualidade se retroalimentam. Mas isso não significa que as máquinas vão substituir os humanos nesse longo prazo. Pelo contrário: vejo altas possibilidades de que, no futuro, todas as empresas vão conseguir oferecer produtos bons, baratos e rápidos, a ponto de chegarmos em um momento em que tudo será parecido, ao menos próximo de um determinado standard.
E quando tudo for standard, qual vai ser o diferencial entre uma empresa e outra? A resposta não podia ser mais humana: a criatividade. Ou seja, quando tudo for terra comum, quem vai se diferenciar vai ser quem souber usar as ferramentas de maneiras inovadoras, explorando ideias diferentes e pensando fora do padrão.
Ainda não estamos neste ponto, é claro. O mais rápido, o mais barato e o melhor já chegaram, mas ainda para poucas atividades, como, por exemplo, a produção de peças publicitárias. Mas esse trem está ganhando velocidade. E a nova era de preço, prazo e qualidade já está dobrando a esquina.
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