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Opinião

Presidenciáveis influencers saem na frente na corrida para 2026

A política nunca esteve tão conectada aos criadores de conteúdo e à dinâmica viral da internet


12 de março de 2025 - 6h00

As redes sociais serão um fator determinante nas eleições de 2026. Há mais de 15 anos, o ambiente digital vem organizando o debate público, intensificando a polarização e dando mais visibilidade às personalidades políticas. Diversas campanhas eleitorais já centralizaram suas estratégias no digital, sendo a de Barack Obama em 2008 um marco, ao explorar comunidades virtuais como nenhuma outra antes. Donald Trump seguiu esse caminho em suas eleições estimulando a polarização. No Brasil, Jair Bolsonaro saiu de um papel coadjuvante no Congresso, onde esteve por mais de 20 anos, para uma campanha vitoriosa em 2018, impulsionada pelas redes sociais.

E o que as redes brasileiras dizem hoje sobre os pré-candidatos de 2026? O Índice Datrix dos Presidenciáveis (IDP) começou a desvendar essa dinâmica de forma pioneira e será apresentado mensalmente no programa CNN Eleições – 2026 Já Começou, apresentado pela jornalista Clarissa Oliveira e pelo cientista político Antonio Lavareda. O cantor Gusttavo Lima lidera o ranking, seguido por Tarcísio de Freitas, enquanto o presidente Lula aparece em 6º lugar.

O IDP mede a performance digital com base em três dimensões: Engajamento nas redes próprias dos candidatos; comentários em páginas de stakeholders, como influenciadores, imprensa e outros políticos; tonalidade das postagens, classificadas em seis categorias de muito positiva a muito negativa. Utilizamos inteligência artificial para extrair e analisar milhões de dados de plataformas como X, Facebook, Instagram, Threads, Bluesky e YouTube. Após a ponderação matemática destas informações, nosso algoritmo atribui uma nota de -100 a +100 para cada presidenciável, refletindo seu desempenho digital.

Para o incumbente, 2025 começou mal. Se analisarmos os dados de janeiro, o IDP de Lula seria negativo, indicando que seu “colchão reputacional” não absorveu os ataques recebidos. De todas as menções a presidenciáveis em 2025, 80% fazem referência ao presidente da República e 65% delas são negativas. Mas em fevereiro, Lula obteve 10,55 pontos, demonstrando recuperação e que conseguiu mais engajamento positivo, apesar do cenário permanecer crítico.

O líder foi o cantor Gusttavo Lima (IDP 38,82), que possui uma base enorme de fãs — mais de 45 milhões de seguidores apenas no Instagram. Ele passou no primeiro teste da arena política ao anunciar sua intenção de presidir o país e deve se filiar a um partido em breve. Para se ter uma ideia, Lima comentou política apenas uma vez nas redes em fevereiro e o post teve cerca de 1 milhão de interações. A tendência é que Gusttavo consiga elevar imediatamente o partido que escolher a uma posição de destaque no ambiente digital.

A disputa pela segunda colocação mostra como se tornar um alvo nas redes pode rapidamente reverter um cenário positivo. Até 20 de fevereiro, Pablo Marçal era o segundo colocado, mas, no dia seguinte, quando a Justiça Eleitoral o tornou inelegível, seu escore caiu mais 40% e ele terminou o mês com IDP 13,24. Por outro lado, Tarcísio de Freitas tem, até o momento, o engajamento do bolsonarismo, mas os ataques direcionados ao ex-presidente ainda não afetam sua reputação digital com a mesma intensidade. O governador de São Paulo garantiu a medalha de prata com IDP 26,22.

Está claro que, em 2026, um histórico político sólido ou tempo de TV não serão suficientes: o engajamento digital será um dos pilares centrais das campanhas. A ascensão de Gusttavo Lima demonstra que a influência nas redes pode se traduzir em capital político real, desafiando a lógica tradicional das eleições.

A conexão entre uma curtida e o voto não é direta, mas uma coisa é certa: a política nunca esteve tão conectada aos criadores de conteúdo e à dinâmica viral da internet. A disputa presidencial de 2026 pode marcar uma virada definitiva, onde os verdadeiros protagonistas não serão apenas os políticos tradicionais, mas aqueles que melhor souberem capturar a atenção — e a emoção — da audiência digital.

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