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Propósito e relações mais humanas

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Opinião

Propósito e relações mais humanas

Só vender produto não faz mais diferença, mas, o que os consumidores, de fato, esperam?


23 de setembro de 2020 - 14h23

(Crédito: Domin Domin/ iStock)

A crise do coronavírus, uma das maiores já enfrentadas na história, tem nos ensinado muito e mudará completamente tudo: a forma como pensamos, nos comportamentos e, principalmente, como e o que consumimos. O novo normal terá como mote a confiança e as expectativas sobre a marca. Um público muito mais ligado, preocupado com seu papel no mundo e causas sociais já está se formando e essa preocupação chegou até as empresas. Uma pesquisa realizada pela Meca e Talk Inc mostra que 75% dos brasileiros dizem que marcas que colocam o lucro à frente das pessoas vão perder sua confiança para sempre. Essa é uma mudança comportamental que já havíamos identificado nos últimos anos, mas, com a pandemia, se intensificou bastante. Aquelas empresas que não correrem para encontrar o seu verdadeiro propósito no mercado e criar relações mais humanas e sólidas, tanto com seus funcionários, quanto com seus consumidores, não irão sobreviver ao mundo pós-Covid.

Desde o início dessa crise mundial, as marcas precisaram se posicionar, mostrar o seu mais lado humano e focar na positividade. Elas podem e devem fazer a diferença para seus consumidores. As que agiram rápido já se destacaram, tanto que a mesma pesquisa mostrou que 78% dos brasileiros sentem-se mais seguros e confortáveis ao verem as ações das marcas diante da pandemia. Cases como a doação de impressoras 3D da HP a hospitais para produção de máscaras, a doação de 2,8 milhões de unidades de sabonetes para comunidades em situação de vulnerabilidade social da Natura e da Avon, os fundos de apoio a entregadores e restaurantes que o iFood criou e a doação de uniformes de proteção para os profissionais da saúde da Hering, são exemplos de atitudes que agradaram os consumidores.

Hoje, e principalmente na pós-Covid, a confiança da marca está em pé de igualdade com qualidade, valor, conveniência e ingredientes como consideração de compra; só vender produto não faz mais diferença para os consumidores é preciso algo mais, um posicionamento a mais. De acordo com estudo realizado pela Edelman Trust Barometer, 72% das pessoas acreditam que o nosso País não passará por esta crise sem que as empresas desempenhem um papel crucial na solução dos desafios que enfrentamos.

Diante de tudo isso, os consumidores não querem mais só saber as informações sobre o produto ou serviço ofertado, mas procuram entender como as empresas gerenciam seus funcionários, que tipo de pessoas contratam e principalmente que causas apoiam. As cobranças vão muito além do benefício funcional do produto, serviço ou preço. Definitivamente, não teremos mais escolhas dos consumidores somente pelo produto em si, mas, sim, a ideologia daquela marca, como ela cuida da sociedade e principalmente se suas causas são legítimas ou não.

Portanto, acredito que passaremos por esse momento e sairemos mais fortes. E, dessa forma, conseguiremos ajudar as marcas a se tornarem mais relevantes, e a construírem relações mais sólidas, transparentes e humanas. No final, com toda essa ressignificação, é o ser humano no centro de tudo proporcionando ações mais consistentes, responsáveis, criativas e certeiras, nos devolvendo assim, a capacidade de valorizar o que é essencial.

*Crédito da foto no topo: Pixabay

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