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Opinião

Quem anunciará onde fake news e conteúdo tóxico correm soltos?

Marcas e influenciadores têm agora a missão de se posicionar com mais responsabilidade e ética


8 de janeiro de 2025 - 14h00

Recentemente, a Meta, dona de gigantes como Facebook e Instagram, anunciou mudanças importantes: a retirada de ferramentas de fact-check e filtros de conteúdo. Segundo a empresa, o objetivo é dar mais liberdade aos usuários. Mas, para quem vive do marketing de influência, essa “liberdade” soa mais como um campo minado, pois essas ferramentas são pilares que mantêm ambientes digitais organizados e seguros, e sua ausência deve gerar consequências severas para marcas e criadores de conteúdo.

Fact-check e filtros de conteúdo não são só detalhes técnicos; são mecanismos que sustentam a credibilidade das plataformas. Em 2023, mesmo com essas ferramentas em ação, a Meta registrou um aumento de 18% nos casos de discurso de ódio. Imagine o impacto com menos controle.

E não para por aí. Fake news continuam sendo uma pedra no sapato. Um relatório da Statista revelou que, em 2022, 64% dos usuários do Facebook esbarraram com desinformação. Mais alarmante ainda, dados do MIT Media Lab mostram que fake news se espalham 70% mais rápido do que conteúdos verdadeiros. Isso não apenas confunde audiências, mas também compromete campanhas de marketing baseadas em dados reais e confiáveis.

No fim das contas, as marcas também sofrem. Quem quer anunciar em uma plataforma onde a desinformação corre solta? A associação a um ambiente tóxico pode minar a reputação de empresas e afastar consumidores.

Para influenciadores, a ausência de filtros significa competir em um espaço mais caótico, onde conteúdos falsos ou prejudiciais ganham força. Isso é um balde de água fria para quem trabalha com causas sociais ou tenta engajar audiências em torno de temas relevantes. Ambientes assim podem afastar públicos qualificados e marcas dispostas a investir.

Para as marcas, o cenário é igualmente preocupante. Uma pesquisa da Edelman de 2022 revelou que 59% dos consumidores não confiam em empresas que patrocinam conteúdos ligados à desinformação. Quando essa confiança é abalada, as campanhas perdem eficácia e o retorno sobre o investimento despenca.

Outro ponto sensível é a representatividade. Sem os filtros e verificações, criadores de comunidades marginalizadas tendem a sofrer mais ataques e perder visibilidade. Dados do Instituto para Diversidade na Mídia Digital indicam que esses influenciadores têm 25% menos alcance em plataformas menos reguladas.
Isso impacta diretamente o marketing de influência. A conexão de marcas com públicos diversos depende de histórias e narrativas autênticas. Quando a diversidade é comprometida, campanhas se tornam genéricas, perdendo em relevância, autenticidade e inovação.

O impacto dessas mudanças no mercado de marketing de influência será inevitavelmente profundo, exigindo adaptações estratégicas por parte de marcas e influenciadores. Entre elas:

•⁠ ⁠Investir em ferramentas de monitoramento: usar tecnologias que identifiquem e monitorem criadores confiáveis pode ajudar marcas a tomar decisões mais embasadas. Plataformas de análise de dados são aliadas nesse momento.

•⁠ ⁠Manter diversificação das plataformas: seguir explorando outras redes sociais que possuam políticas mais rígidas de controle de conteúdo, como alternativa para manutenção de campanhas mais seguras.

•⁠ ⁠Apoiar criadores de conteúdo éticos: priorizar parcerias com influenciadores que promovem valores como transparência, diversidade e responsabilidade social pode ser um diferencial competitivo.

•⁠ ⁠Educar audiências e equipes: marcas podem investir em campanhas educativas para conscientizar o público sobre os riscos de fakenews e promover conteúdos verificados. Além disso, treinar equipes para identificar desinformação é essencial.

•⁠ ⁠Exigir responsabilidade das plataformas: por meio de coalizões ou movimentos de mercado, marcas podem pressionar empresas como a Meta a reconsiderar decisões que comprometem a segurança do ambiente digital.

•⁠ ⁠Moderação e gerenciamento de comunidades: contratar ou ampliar times de moderação e gerenciamento de comunidades para garantir transparência e responsabilidade.

•⁠ ⁠Regulamentação de mercado: autorregulamentação garantindo informação, educação e boas práticas tanto para os creators quanto para as marcas.

Para a Meta, o risco de perder anunciantes e espaço para concorrentes é real. A decisão pode ser vista como um retrocesso e gerar pressão de todos os lados — anunciantes, criadores e público.

No fim, a decisão da Meta levanta um alerta sobre o papel das grandes plataformas na construção de um ecossistema digital saudável. Fakenews, discurso de ódio e falta de diversidade são ameaças que podem tornar o marketing de influência menos confiável e eficaz.

Marcas e influenciadores têm agora a missão de se posicionar com mais responsabilidade e ética. Apostar na transparência e na diversidade não é apenas desejável — é essencial para manter a confiança e a conexão com as audiências em um cenário tão desafiador.

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