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Opinião

Questão de relevância

Se a análise das transformações da indústria leva à ponderação de que o festival já teve mais peso, a apuração jornalística nos permite dizer: o mercado ama Cannes


10 de junho de 2019 - 11h48

(Crédito: Arthur Nobre)

“Continuo fazendo diferença?”, “Ainda sou relevante?”, “Será que o mercado ainda precisa de mim?”. As três perguntas estampam as primeiras mensagens da nova campanha institucional de Meio & Mensagem, criada pela J. Walter Thompson, que começou a ser veiculada no final do mês passado. A saudável provocação de questionar-se não é cosmética. Ela, de fato, motiva o comportamento inquieto que move Meio & Mensagem a ampliar suas plataformas de distribuição de conteúdo e a afinar a curadoria à proposta de relação com os públicos de cada canal — edição semanal, site, vídeos, redes sociais, podcasts, newsletters, webinars, eventos…

Perguntas e dúvidas, como as aqui expressas, estão entre as principais matérias- primas do jornalismo. São elas que nos movem a descobrir o que ainda não foi revelado, a apontar um caminho inédito, a apresentar um novo personagem. Mas como fazer isso em ocasiões que, de certa forma, se repetem periodicamente? Esse desafio nos impõe, por exemplo, uma questão anualmente recorrente quando junho se aproxima: “Cannes continua relevante?”

A perspectiva em relação ao maior evento global de criatividade voltado à comunicação e marketing muda dependendo do estágio da carreira profissional e do propósito da empresa em que se atua — muda também, evidentemente, diante da capacidade financeira de arcar com os altos custos envolvidos em se jogar nos braços de Cannes. Entretanto, se a análise dos movimentos transformadores que impactam a indústria leva à ponderação de que o festival da Riviera Francesa já teve mais peso, a apuração jornalística com líderes dos setores impactados nos permite dizer: o mercado ama Cannes.

Para sustentar o grande negócio que é para sua controladora, a Ascential, o evento fez diversos movimentos nos últimos anos, sendo que o mais exitoso foi o investimento em plataformas digitais que facilitam o acesso ao conteúdo produzido e premiado em Cannes. Apesar da queda de 8% na receita em 2018, a arrecadação com patrocínios e produtos digitais subiu 27%, passando a representar 24% do total — composição agora liderada pelas inscrições de delegados, que respondem por 38% da receita e ultrapassaram o faturamento com a inscrição de peças, que, apesar da queda de 21%, representam 37% do total.

A disposição do Cannes Lions em produzir conteúdo sobre si próprio, e cobrar por ele, aumenta o desafio de Meio & Mensagem, que se impõe a difícil missão de fazer uma cobertura jornalística melhor e mais completa a cada ano. Embora o noticiário factual sobre o festival tenha crescido nas últimas semanas, a edição impressa desta semana é a primeira de uma série de quatro edições, nas quais as notícias e os debates gerados pelo Cannes Lions serão tema central. O cardápio inicial contém sete páginas de reportagens que analisam o esforço de transformação do evento, detalham ações brasileiras que fazem uso de dados para embasar suas estratégias e chegar com mais força à caça aos Leões, indicam o que há de melhor na extensa agenda de seminários e apontam as dez campanhas globais que, para a redação, são as favoritas aos prêmios principais de 2019.

Além disso, está no ar o site especial dedicado à cobertura desta 66a edição do Cannes Lions. A equipe dedicada à produção de conteúdo, com sete profissionais, embarca para a França nesta semana para acompanhar de perto o trabalho dos 27 júris — que este ano acolhem um recorde de 32 profissionais brasileiros, representando o País e outros mercados —, os principais debates e seminários, encontros paralelos e os bastidores do festival. Além disso, o time se completa com cerca de 40 colaboradores, atuantes no Brasil e no exterior, que irão postar suas impressões pessoais no blog coletivo Diário de Cannes e outros 15 convidados que farão análises sobre os resultados de algumas das principais competições do Cannes Lions.

Nas redes sociais, a equipe de jornalistas se valerá da agilidade do Twitter para as informações em real time. Entrevistas e reportagens diárias estarão no canal do YouTube. Os highlights da cobertura, na timeline do Facebook e do LinkedIn. E os bastidores, nos stories e no feed do Instagram. Os leitores que estiverem na França e no Brasil também podem participar, postando comentários e imagens usando a hastag #CannesNoMM. E esse será mais um termômetro para saber se estão amando ou odiando Cannes.

*Crédito da foto no topo: Eduardo Lopes / Imagem Paulista

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