Redação: onde nascem as grandes ideias
Por mais que se tente, nada substitui uma acalorada discussão de pauta, olhos nos olhos, desenho no papel, a chuva de ideias que marca o que vale e o que não vale
Por mais que se tente, nada substitui uma acalorada discussão de pauta, olhos nos olhos, desenho no papel, a chuva de ideias que marca o que vale e o que não vale
11 de setembro de 2019 - 19h13
A tecnologia faz com que pessoas estejam próximas, mesmo a quilômetros de distância. Reuniões virtuais, mensagens instantâneas, telefone, as separações de espaço nunca foram tão tênues. Mas há um ambiente criativo em que a presença física é imprescindível: a redação de um veículo de comunicação. Por mais que se tente, nada substitui uma acalorada discussão de pauta, olhos nos olhos, desenho no papel, a chuva de ideias que marca o que vale e o que não vale.
O que diferencia uma redação criativa de um amontoado de cumpridores de pauta é a ousadia, a discussão, o risco, a licença para pensar fora da lógica. Se a liderança da redação não permite a conversa, a troca de ideias, o estado de reunião permanente, melhor mesmo que o grupo nem se concentre debaixo de um mesmo teto. Se há um grande motivo para que jornalistas estejam juntos, a razão é o debate de ideias, a transformação de uma notícia em conteúdo de qualidade. É esse conteúdo que diferencia veículos fundamentais dos “mais do mesmo”. E sem jornalismo de qualidade não há quem pague para recebê-lo.
A redação em tempos de integração de meios é um ambiente aberto, com arquitetura que auxilia esse fluxo de ideias. Profissionais inquietos, discussão, barulho – e, claro, gigantescas telas informando em tempo real o comportamento da audiência. Os processos não seguem mais os horários das entregas tradicionais, mas respeitam os hábitos de quem o necessita. O fechamento noturno, como em um jornal diário, segue existindo, mas é apenas um dos tantos fechamentos necessários. Se o site tem enorme audiência às 08h da manhã, nada melhor do que atualizá-lo às 07h30 – e surpreender.
A nova redação – uma necessidade sim ou sim das empresas de comunicação – se forma em torno das audiências e respeita suas características. Sem entender que a lógica da entrega de conteúdo mudou, nada vai funcionar. Há que se observar:
1. Planejar o que possa ser planejado: Coberturas, apostas, valor acrescentado em conteúdos habituais;
2. Cumprir horários de entrega: Se um canal de TV apresenta programas respeitando uma grade, por que razão uma redação não cumpre horários rígidos em publicação de conteúdos?
3. Abrir o ambiente para o debate: O verdadeiro líder é aquele que entende que seu trabalho será melhor com a colaboração criativa de todos. O déspota entregará produtos fracos, limitados;
4. Pauta é missão de todos: Acabou o tempo do pauteiro, que sozinho definia os rumos das publicações. Pauta, hoje, é o resultado de uma trabalho coletivo, em que as lideranças ajudam a melhorar a ideia inicial;
5. Nada substitui a boa ideia: É em função da boa ideia que a redação funciona. É proibido matar a boa ideia na casca. Deixe ela evoluir. No máximo, poderá ser descartada – depois de desenvolvida.
Tudo isso é mantra, nas redações modernas, porque por mais que se busque fórmulas mágicas, por melhor que seja a estratégia de circulação, por mais criativa que seja a campanha para alavancar audiência, o único fator que motiva leitura, geração de assinaturas, fidelização, atende pelo nome de Bom Jornalismo.
O resto é o resto.
**Crédito da imagem no topo: PeopleImages/iStock
Compartilhe
Veja também
ChatGPT com busca em tempo real: como marcas e publicidade vão reagir?
A entrada do serviço da OpenAI em um setor até então dominado por Google e Bing sinaliza a possibilidade de uma reconfiguração significativa do mercado de anúncios online
O panorama do streaming em 2025
Quais ferramentas podem mudar o cenário no segmento para o próximo ano