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Opinião

Retrocesso ou evolução? Eis a questão

O momento em que estamos vivendo deve ser encarado como uma oportunidade para evoluir nossas estratégias de atuação em ESG e DEI


3 de fevereiro de 2025 - 14h00

Todo movimento gera um contramovimento. Isso significa que, para cada ação ou mudança significativa em qualquer contexto — seja social, político, cultural ou ambiental — existe uma reação ou resistência que emerge em resposta.

Na história, grandes movimentos de mudança, como os sociais ou revoluções, geralmente provocam reações contrárias. Por exemplo, a luta pelos direitos civis desencadeou reações conservadoras que buscavam manter o status quo. Sempre que um novo paradigma ou ideia se apresenta, grupos que se sentem ameaçados tendem a se mobilizar para criar um contramovimento.

No campo político, movimentos sociais que buscam promover igualdade e justiça frequentemente enfrentam resistência de grupos que defendem a manutenção de sistemas de poder existentes. Essa contrariedade pode manifestar-se de diversas formas, incluindo legislações repressivas, campanhas de desinformação ou mobilizações em defesa de valores sociais tradicionais.

Na última década, assistimos ao fortalecimento das agendas ESG (Ambiental, Social e Governança) e de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) nas empresas, impulsionadas por pressões regulatórias, expectativas de investidores e demandas dos consumidores por práticas mais sustentáveis. No entanto, as conquistas nesse campo têm gerado reações que podem ser vistas como uma evolução, desaceleração ou até mesmo uma “queda” da agenda.

Um dos fatores para esta mudança pode estar relacionado ao ambiente econômico desafiador, marcado por juros altos e crises geopolíticas, que tem levado as empresas a priorizar a eficiência operacional e o retorno financeiro imediato, relegando iniciativas de ESG e DEI que não demonstram impacto direto nos resultados de curto prazo.

Outro fator possível é que a promoção dessas iniciativas desassociadas do negócio e/ou com baixa percepção de ganhos econômicos sustentáveis pode contribuir para o desgaste na credibilidade dessas ações, resultando em desconfiança de investidores e consumidores.

A polarização política em alguns países também tem gerado questionamentos sobre a necessidade de investimentos em sustentabilidade, levando algumas empresas e governos a adotarem uma postura mais cautelosa em relação ao ESG e DEI. Para muitas empresas, especialmente as de médio porte, a implementação dessas práticas exige recursos financeiros, tecnológicos e culturais que nem sempre estão disponíveis.

Frequentemente sou questionada em sala de aula, ou mesmo pela alta liderança do setor público ou privado sobre a validade e efetividade dessas iniciativas, e minha resposta é sempre a mesma: ESG e DEI não são apenas temas, mas formas de ver o mundo. E se estamos discutindo é porque avançamos, de maneira consistente, na construção de uma visão sobre o futuro que almejamos para nossas gerações e as que estão por vir.

Enquanto algumas empresas americanas como Disney, Meta, Amazon e McDonald’s – EUA revisitam suas estratégias, outras gigantes como Apple, Natura, McDonald’s Brasil e JP Morgan reforçam publicamente sua posição em defesa da sustentabilidade, ética e das pessoas no centro dos negócios.

Portanto, não se trata de retroceder, mas de evoluir. Reconhecer que todo movimento gera um contramovimento é crucial para entender a complexidade das interações sociais e políticas. Essa dinâmica exige que aprimoramos nossas habilidades de resiliência e adaptabilidade. Para que um movimento seja bem-sucedido, é fundamental que suas lideranças e participantes compreendam as reações possíveis e se prepararem para abordá-las de forma estratégica e proativa.

O momento em que estamos vivendo deve ser encarado como uma oportunidade para evoluir nossas estratégias de atuação. Compreender as motivações dos contramovimentos pode levar ao desenvolvimento de soluções que considerem múltiplas perspectivas. Para as empresas, integrar ESG e

DEI à estratégia de negócios é uma forma de transformá-los em vantagens competitivas sustentáveis.
Nesse sentido, convido você a enxergar as reações como parte integrante do processo de mudança e evolução, e se unir ao movimento de empresas referências em boas práticas de Diversidade, Equidade e Inclusão enfatizando importância de estratégias reflexivas e diálogos abertos na busca por um progresso significativo e sustentável.

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