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Se a Inglaterra fosse uma marca, o que seria melhor: empossar Charles ou mandá-lo para casa?

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Opinião

Se a Inglaterra fosse uma marca, o que seria melhor: empossar Charles ou mandá-lo para casa?

Toda vez que escuto a palavra disruptivo eu tento conter minha cara de “aí, lá vamos nós pras campanhas de enfrentamento”


29 de setembro de 2022 - 6h00

(Créditos: Shutterstock)

Por que temos de escolher entre o tradicional e o disruptivo? Eu fico com os dois. Confesso: toda vez que escuto a palavra disruptivo eu tento conter minha cara de “aí, lá vamos nós pras campanhas de enfrentamento”. Explico: essa palavra, disruptivo, mal-usada, está sempre associada à “partir para a briga”, à ruptura, a mostrar que a marca é moderna, pronta para a luta.

Esse pensamento voltou à minha mente recentemente, quando vi as imagens e os comentários em torno da morte da Rainha Elizabeth II e do atual Rei Charles III. Afirmações como “em pleno século XXI isso ainda existe? Fora com eles!” Mas, ao mesmo tempo, vemos as redes sociais cobertas de comentários carinhosos, tipo: “ela é a avó de todo Reino Unido”. Sim, parece tão antigo, mas… a mídia está toda voltada para o assunto. Que está longe de ser regional. É global.

Eu convido você a ver o mundo através do olhar desta marca, a Inglaterra. Ela é disruptiva? Então vamos mandar Charles para casa. É isso? Prepare-se para perder um dos maiores poderes de atração midiáticos para o seu “case”. Confesse, quanto tempo você já dedicou a ler sobre os mais diferentes assuntos da família real?

Mas… se a sua marca, a Inglaterra, é inclusiva, se ela tem uma visão mais ampla do mundo, então… a coroa pode continuar? Tudo igual? Não. A evolução pode e deve ser uma busca constante para todos, inclusive para a Coroa Britânica.

A marca sempre deve buscar uma conexão com o que está movendo a sociedade. Para comportamentos positivos. Ser, à sua maneira, exemplar. Então sugiro a Charles III a buscar novos conselheiros. A falar com seu filho Harry. Entender seu afastamento e o que faria ele se aproximar. Vou além, deve, como todas as marcas exemplares, se apropriar, de forma particular, dos assuntos contemplados pela sigla ESG (Enviroment, Social and Governance). Incluir na sua comunicação, e atitudes, compromissos com a natureza, negros, pessoas mais velhas, outros tipos de beleza e gêneros, e… famílias que representem amplamente o nosso tempo.

Isso é ser disruptivo? Na minha opinião, não. Repito, isso é trazer para a realidade da marca (seja a Inglaterra ou a que está no seu próximo job) o cotidiano diverso que observamos nas ruas, nos vizinhos ou viajando pelo mundo.

Lembro que em 2016 fiz uma mostra paralela sobre propaganda durante a exposição de Tim Burton no MIS, Museu da Imagem e do Som, de São Paulo. De um lado da sala, colocamos as campanhas mais tradicionais. Do outro, colocamos as “disruptivas”. Chamamos essa mostra de “O estranho nos atrai”. Mostramos que o estranho, assim como o tradicional (muitas vezes estranho também), faz parte da nossa rotina. E que… já está incluído em nossas vidas.

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