Simplesmente um luxo

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Opinião

Simplesmente um luxo

Apesar de presente nos patrocínios há décadas, indústria de bens de alto valor passou a ganhar força e espaço nos mais diferentes esportes nos últimos anos


26 de fevereiro de 2024 - 14h00

O mercado de patrocínios funciona em ondas. No princípio eram apenas as marcas americanas de bens de consumo, como Coca-Cola, Budweiser, Mars, McDonald’s. Nos anos 1980, vieram as marcas japonesas e coreanas, como Samsung e Sony. Em 2006, a Emirates tornou-se patrocinadora da Fifa, abrindo os portões para muitas empresas aéreas como Etihad e a Qatar Air. Na década seguinte, com Copas do Mundo e Olimpíadas migrando para a Ásia, foi a vez das companhias russas e chinesas, como Wanda e Gazprom. O crescimento astronômico das empresas de tecnologia e a necessidade de estabelecer suas marcas levaram Google, Uber e Airbnb a abrir seus bolsos também para o esporte. Pouco depois, com o surgimento das criptomoedas, um tsunami de patrocínios ocupou o mercado com a Socios.com, Binance, e outras. Por fim, vieram nomes como DraftKings, Bet365, Betano, graças às novas legislações regularizando o mercado de apostas.

Se no mar a chegada de uma nova onda determina a morte da anterior, nos patrocínios as ondas novas e velhas continuam a conviver em uma quase harmonia. Por essa razão, os patrocínios são uma das formas do marketing que mais crescem.

Mas há uma indústria que, apesar de presente nos patrocínios há décadas, passou a ganhar força e espaço nos mais diferentes esportes nos últimos anos e tem tudo para se estabelecer como a próxima grande força nos patrocínios: os bens de luxo.

Os relógios mais caros do mundo sempre estiveram presentes no tênis, golfe, hipismo, e outros esportes povoados predominantemente pelas elites. A Rolex é sinônimo de tênis com seu patrocínio aos torneios Grand Slam (Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open). A Omega se destaca apoiando os Jogos Olímpicos (desde 1932) e Paralímpicos. A Hublot é a parceira oficial da Copa do Mundo da Fifa.

As marcas de cartões de crédito premium também estão entre as grandes patrocinadoras há décadas. A American Express patrocina o Brighton & Hove Albion FC (time da English Premier League), a Fórmula 1 e muitos eventos de golfe. Visa e Mastercard não ficam para trás apoiando Olimpíadas, Copas do Mundo, a Liga dos Campeões da Europa, e a maioria das ligas profissionais nos Estados Unidos.

Mais recentemente, entretanto, algumas marcas historicamente ausentes do esporte começaram a se movimentar e criar suas próprias categorias de patrocínios.

As marcas de moda lançaram os patrocínios de uniformes de viagem das principais equipes e seleções. O Emporio Armani veste a seleção italiana de futebol, a Zegna tem contratos com o Real Madrid e AC Milan, e a Ralph Lauren patrocina o uniforme usado na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos pelos atletas americanos.

A Gucci passou a investir no tênis, patrocinando as malas que o italiano Jannik Sinner carrega para todas as quadras em que joga. A marca italiana também assinou contratos com Jack Grealish e Leah Williamson, jogadores das seleções inglesas masculina e feminina, respectivamente.

A Louis Vuitton, patrocinadora da America’s Cup – o mais tradicional evento da vela mundial – desde 1983, também passou a apoiar nos últimos anos atletas de destaque, como os tenistas Carlos Alcaraz e Naomi Osaka, a esquiadora Eileen Gu e o superastro da NBA LeBron James.

Mas de todas as iniciativas da Louis Vuitton, a mais criativa foi criar uma categoria de patrocínios: as malas dos troféus. Seu famoso monograma estampa os produtos especialmente desenhados para os famosos troféus da Copa do Mundo da Fifa, do Grande Prêmio de Fórmula 1 de Mônaco, do Australian Open de tênis, do prêmio de melhor jogador de futebol do mundo (Ballon d’Or), da NBA, do Campeonato Mundial do League of Legends e muitos mais.

Motivadas pelo sucesso do Emporio Armani, da Zegna, Gucci e Louis Vuitton, muitas outras deverão começar a investir em breve. Os dias do seu time do coração viajar vestido com a marca do patrocinador do uniforme estão contados. As possibilidades para as marcas de luxo no esporte são praticamente infinitas e isso será ótimo para o marketing e todos que souberem surfar essa nova onda.

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