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Opinião

Sobre o que floresce em meio às mudanças

Parte do que se ampliou neste contexto de isolamento social deve permanecer como realidade para a posteridade


26 de abril de 2021 - 13h42

(crédito: Nuthawut Somsuk)

Quando dissemos Feliz Ano Novo no réveillon de 2019 para 2020, jamais poderíamos imaginar que, pouco mais de um ano depois, estaríamos vivenciando um mundo completamente novo, com lógicas e dinâmicas tão diversas das que estávamos habituados até então. Isso diz respeito à forma como nos relacionamos, como cuidamos de nossa saúde, como transitamos pelas ruas, realizamos nossas compras, gerimos nossos negócios. No debate sobre a pandemia, temos alternado entre discussões sobre como nos mantermos sãos e salvos frente ao coronavírus, e como manter a economia funcionando e as empresas ativas. Aliás, a palavra saudável nunca foi tão pronunciada. Em meio a todas as mudanças que nos foram impostas neste período, fomos levados a pensar diferente e a tentar entender quais as necessidades pessoais e coletivas que se tornam urgentes.

No âmbito da economia, o digital se consolidou como a “bola da vez”, mas esse diálogo já avançou. O digital chegou e ficou. Já é e, muito provavelmente, continuará sendo um elemento fundamental daqui por diante. Nesse mundo novo e incerto, fomos desafiados a pensar de maneira diversa e a transferir para nossos negócios a lógica minimalista que nossas vidas pessoais assumiram. Além da digitalização essencial que se apresentou como caminho para as empresas, pensar estratégias de gestão de pessoas com todas as limitações e repensar estruturas foram as alternativas postas a milhões de empresários – micro, médios e grandes. Mas, esse mundo com novos hábitos, preocupações e interações, trouxe também oportunidades para quem conseguiu meios financeiros, criativos e até psicológicos para apostar no incerto e tentar outras possibilidades.

Entre os negócios que surgiram ou cresceram durante este período, vale mencionar, por exemplo, o nascimento da indústria das máscaras, acessório que se tornou imprescindível durante a pandemia. Desde pequenos estilistas até grandes marcas de moda perceberam que, para além de uma moda passageira, a confecção de máscaras de proteção passou a ser uma necessidade social e mostrou-se uma possibilidade de manter os negócios ativos e conectados com a realidade em que vivemos. Outro setor que sofreu imenso impacto foi o de entretenimento. Com a impossibilidade de frequentar lugares fechados por conta da necessidade de evitar aglomerações, a indústria da cultura teve que buscar formas de manter o entretenimento vivo e chegando ao público.

Além de ampliar o uso e aplicação dos serviços de streaming, que permitem que lançamentos de filmes e festivais famosos de teatro e cinema mantenham-se ativos e alcancem seu público cativo – além de conquistar um público novo, em alguns casos – também vimos o retorno de um formato bem conhecido de cinema, o drive-in. Diversos projetos, com ou sem patrocínio, surgiram nos últimos meses, garantindo com segurança a ida ao cinema e retomando o hábito de assistir filmes dentro de carros – no melhor estilo anos 1960.

Outro setor que sentiu um aumento considerável foi o das entregas, formado pelos já conhecidos deliveries e pelas empresas de logística. Com o fechamento das lojas físicas e, consequentemente, o crescimento do e-commerce – que registrou uma alta de 75% no último ano, de acordo com o relatório da Mastercard SpendingPulse, indicador de vendas de varejo que inclui pagamentos de todos os tipos em diversos mercados globais –, a entrega dos produtos adquiridos online de maneira rápida e eficiente tornou-se um ponto extremamente importante na cadeia de vendas.

Com o sonhado arrefecimento da pandemia e a chegada da vacina à maior parte da população – outro sonho que temos almejado tanto nos últimos tempos –, este cenário tende a retroceder? Difícil saber o quanto de retração será registrado nesses setores que cresceram nos últimos meses. É muito provável que quando tudo passar e vencermos a arrebentação, queiramos nossas interações de volta com voracidade. Mas parece difícil que as pessoas abram mão totalmente de ver lançamentos de filmes em casa, de pedir que suas compras sejam entregues em seus domicílios, ou desistam de fazer chamadas online com amigos ou familiares que estão distantes fisicamente. Parte do que se ampliou neste contexto de isolamento social deve permanecer como realidade para a posteridade. Que em breve possamos testar esse hibridismo, essa mistura de antigo e atual, um pouco mais tranquilos e com esperança renovada no porvir.

*Crédito da foto no topo: Novendi Dian Prasetya/iStock

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