Sobre pessoas e aprendizados
Quanto mais diversas e empoderadas as pessoas estiverem para serem quem são, mais rapidamente avançaremos em relações humanizadas
Quanto mais diversas e empoderadas as pessoas estiverem para serem quem são, mais rapidamente avançaremos em relações humanizadas
Outro dia, li um post da Carol Romano (@carolromano), head de estratégia da Maker Brands, em que ela comentava sobre a releitura do VUCA por Bill George, professor da Harvard Business School e autor de livros. Interessante pensar que ele lançou o que chama de VUCA 2.0 há pelo menos três anos, mas parece que essa ressignificação foi concebida a partir dos incontáveis aprendizados impostos nos últimos meses. Olha como Bill George revisita o acrônimo:
V (volatility – volatilidade) vira Vision – Visão;
U (uncertainty – incerteza) se torna Understanding – Entendimento;
C (complexity – complexidade) evolui para Courage – Coragem;
A (ambiguity – ambiguidade) ganha o significado de Adaptability – Adaptabilidade.
A Visão tem sido necessária para lidar com um contexto ainda incerto e, ao mesmo tempo, para reimaginar uma próxima fase. O Entendimento, da mesma forma, nos impulsiona a ouvir as pessoas para traduzir seus anseios, expectativas e necessidades. Coragem nos dá a base para a tomada de decisões ágeis e, se necessário, corrigir a rota no meio do caminho. E a Adaptabilidade nos torna mais flexíveis para lidar com todos os desafios em nossas vidas pessoais e profissionais.
E participando dessa transformação acelerada que estamos vivenciando, impulsionada por um contexto inédito, entendo também que essas habilidades têm sido fundamentais para os processos de inovação. Tivemos de nos adaptar rapidamente a novas formas de trabalhar, de se relacionar, de convivência em casa, a novas formas de quase tudo! O que nos levou também a dar um novo significado para o tempo e a utilizá-lo em nosso favor: erramos, aprendemos, corrigimos e começamos de novo em velocidade máxima — uma necessidade básica para fomentar a inovação.
Tenho observado que a pluralidade das equipes tem sido essencial para a quebra dos tradicionais silos corporativos e o consequente incentivo ao trabalho em colaboração. Estamos confirmando que, acima de qualquer job description, vale muito mais capturar a máxima potência das pessoas, permitindo que cada uma seja quem é de verdade. E que se sinta confiante para expor suas diferenças criando, na prática, um ambiente de diversidade.
Uma experiência interessante tem ocorrido com o que chamamos de missões colaborativas. Basicamente, deslocamos pessoas de áreas que tiveram alguma redução de demanda durante a pandemia e transferimos para áreas que estavam mais aquecidas, como e-commerce, por exemplo. Algumas delas nunca tinham imaginado trabalhar em uma atividade diferente daquela que exerciam ou de sua área de formação. E, com o suporte das lideranças, acabaram por descobrir competências e, até mesmo, por vislumbrar uma nova trilha de carreira. O mais curioso é que fizemos todo o processo de seleção, acolhida e treinamento dessas pessoas virtualmente, pela necessidade do momento, e tudo funcionou muito bem.
Nessas missões, a formação dos times está muito mais ligada às habilidades individuais para um determinado projeto. E, claro, dando sempre asas à mentalidade empreendedora que habita em cada um a fim de incentivar a ação ágil e a adaptação aos novos cenários que vão surgindo.
Ao que tudo indica, as transformações vão prosseguir, e com velocidade acelerada. Considerar as habilidades que o VUCA 2.0 de Bill George nos propõe (Visão, Entendimento, Coragem e Adaptabilidade) parecem fazer todo o sentido para este presente e descrevem muitas das características de liderança essenciais daqui para a frente. Entendo que a diversidade, no sentido mais amplo possível, é o que caracterizará as equipes vencedoras. Quanto mais diversas e empoderadas as pessoas estiverem para serem quem são, independentemente de crachá ou sobrenome corporativo, mais rapidamente avançaremos em ambientes humanizados e, portanto, colaborativos. Porque, ao final, são elas, as pessoas, que estão no centro de toda essa construção, do novo presente e do futuro.
*Crédito da foto no topo: Vijay Kumar/iStock
Compartilhe
Veja também