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Opinião

Sobre se ver estagnado e “todo mundo passando”

Contratação e evolução de carreira são uma soma de fatores tão complexa que chega a ser injusto achar que a gente é incompetente só porque não andou como imaginava


28 de agosto de 2024 - 14h00

Nesse mundo de publicidade tem horas que a gente se vê parado, sem evoluir e a impressão que dá é que todo mundo ao nosso redor está crescendo, sendo contratado, promovido.

Esse sentimento pode surgir em vários momentos.

– Tá rolando uma premiação e você viu a galera que cresceu com você na profissão botando as fotinhas deles como júri ou viajando para disputar prêmios / curtir o momento;

– Você tá buscando promoção e não tá vendo acontecer;

– Você sabe de alguém que você considera menos apto crescendo rapidamente profissionalmente;

– Você sabe de um par, no seu nível, passando voando e chegando a cargos que você nem imaginava ter agora;

– Você toda hora bate na trave em cargos variados, o que sempre dá uma desmotivada.

Enfim, a nossa cabeça prega essas peças mesmo. Você pode sentir injustiça, incompetência, tristeza.

Isso é normal. Mais normal do que a gente pensa.

Acontece que a contratação e a evolução de carreira são uma soma de fatores tão complexa que chega a ser injusto achar que a gente é incompetente só porque não andou como imaginava.

A situação do outro nada tem a ver com você. Você não está presente nas reuniões de contratação, em todas as conversas que essa pessoa teve, não sabe como foi dito, o que rolou ou o que rolará. É tanta coisa que influencia, que não dá para pôr na conta, ainda mais em publicidade onde os processos de contratação e desenvolvimento profissional não são nada valorizados: salário, perfil de trabalhos feitos, disposição para fazer esse trabalho, empolgação na entrevista, vocabulário, argumentação & elaboração de raciocínios, experiência de vida, maturidade emocional, prêmios, talento, contatos & desenrolo político da pessoa, pressa do contratante, juízo corporativo, vontade de desenvolver alguém, congelaram as vagas…

Sério, pensem comigo: que pretensão doida achar que o mundo tem de girar como nós imaginamos que ele deva girar. Entre devaneio, planejamento até a execução, uma série de mudanças e adaptações podem (e vão!) acontecer.

E aí aparecemos nós, sabendo apenas de uma pequena parcela dos fatos, cheios de desejos e já criando uma realidade. Quando dá errado, a gente se frustra, óbvio. Tudo bem buscar explicações, elas nos confortam, nos dão direcionamentos, mas não é produtivo se comparar aos outros para tirar conclusões. Não dá pra ser outra pessoa e muito menos viver na realidade dos outros.

A gente se compara por diversos motivos, porque somos moldados para isso.

Tiro como exemplo a nossa educação: desde a escola, a gente recebe uma nota de desempenho. Todo mundo assiste às mesmas aulas e estuda a mesma coisa, mas a nota é diferente entre os alunos. Pronto. Nossos primeiros anos de vida e de tomada de consciência, já enviesam nossa cabeça a pensar que tem gente ali que é boa em biologia, tem gente que é o melhor em matemática e a gente tava ali tentando só ser bom em alguma coisa. Essa metodologia é responsável por estimular uma visão comparativa ao longo de anos e anos, onde nós estabelecemos pares que devem aprender as mesmas coisas e responder às mesmas provações para serem considerados em evolução – caso contrário, estaremos repetentes, deixados para trás como falhas.

Uma realidade que muda completamente quando crescemos. As regras são diferentes no mundo corporativo onde cada profissional é avaliado individualmente, sobre critérios diferentes que dependem do contexto, da oportunidade, da história e da boa vontade de quem o avalia. Além disso, cada um começa de pontos diferentes na carreira profissional, enquanto você está aprendendo com o professor a matéria, seu colega já está estagiando e tentando pôr em prática, diversas horas do dia.

A evolução na carreira é uma roleta e a gente fica achando que controla onde a bolinha vai cair.

Será que a sua trajetória, por mais que não esteja evoluindo como você imaginou, não tem seus próprios méritos dos quais vale a pena se orgulhar e que te inspiram a tomar caminhos únicos e interessantes?

Com isso, questiono: será que depositar a energia e atenção no sucesso do outro é a fórmula para que a gente continue buscando o nosso sucesso ou isso é um desperdício de energia que diminui a nossa capacidade de chegar mais longe?

Trago algumas sugestões para usar essa energia melhor:

1. Faça uma análise dos seus pontos fortes e fracos

2. Entenda quem você é – suas conquistas, seu cargo, sua história etc.

3. Escreva quem você é hoje e onde você quer chegar. Estabeleça um prazo: seis meses? Um ano?

4. Busque feedback: como você acha que é visto? Será que isso tá de acordo com a sua visão de si?

5. Pergunte a quem você considerar relevante a imagem que se tem de você.

6. Escreva o que você acha que precisa desenvolver para chegar onde quer chegar considerando tudo

7. Busque mentoria para desenvolver sua meta (seja uma pessoa do trabalho ou um mentor profissional)

8. Trabalhe a diminuição da comparação com outros

9. Busque novas experiências, oportunidades de realização fora do trabalho

10. Celebre suas conquistas, por menores que sejam. A ideia é partilhar em pequenos pontos a sua

evolução, pois aí você pode ver como ela acontece.

São atos importantes para você fazer no seu caderninho. É uma autoanálise, uma conversa íntima e verdadeira com quem mais importa: você.

Então, direcione toda a sua energia nisso, sempre.

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