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Opinião

Sobreposição e redundância no crescimento das gigantes digitais

Competição em diversos segmentos dá vantagem para as que têm receita em diferentes fontes, como Microsoft e Amazon, e deixa mais vulneráveis as dependentes de negócios específicos, como Facebook, Google e Apple


26 de setembro de 2017 - 15h13

O Google começou como uma empresa de pesquisa; Facebook, como uma companhia de social media; Amazon, uma empresa de e-commerce; e Tencent, uma empresa de mensagens. Mas essas distinções estão se tornando cada vez menos relevantes.

Para muitos, o anúncio do Facebook de criação de um novo serviço de vídeo chamado Watch para competir com o YouTube e com a Netflix não foi uma surpresa. A companhia vem construindo ofertas e capacitação de vídeo há algum tempo.

Na verdade, nos últimos anos, nós vimos anúncios atrás de anúncios de novos produtos e serviços lançados, não só pelo Facebook, mas por todas as gigantes digitais. Conseguir diferenciar claramente o que uma ou outra empresa faz já está com os dias contados.

Gigantes digitais como Google, Amazon, Facebook, Apple e Microsoft agora competem entre si em 11 segmentos, incluindo desenvolvimento de conteúdo, inteligência artificial, e-coomerce, hardware, mensagens, serviços financeiros e publicidade. Não há um só segmento em que eles permaneçam sozinhos.

A mesma situação está acontecendo na China. Alibaba era tradicionalmente focado em e-commerce, e o Tencent, em jogos e mensagens. Ambas cresceram muito, mas em paralelo, raramente disputando mercado. Hoje, entretanto, elas estão competindo em diversas categorias.

Quem está atrasado nessa batalha é o Snap, talvez porque é mais novo e menor do que as outras gigantes. Alguém pode questionar se essa falta de escopo põe o Snap em uma posição relativamente vulnerável em comparação com seus competidores mais bem diversificados.

Uma implicação do aumento da competição entre as gigantes digitais é clara: consumidores serão beneficiados, pelo menos no curto prazo. Inovação continuará a aumentar e preços vão cair, muitas vezes a zero, na medida em que as gigantes subsidiarem novos produtos e serviços — tendo lucro dos produtos mais consolidados.

Isso também levará para uma sobreposição e uma redundância significativas. Em mercados em que quem ganha leva quase tudo, não haverá espaço para escolhas ilimitadas, e é provável que vejamos consolidação. O número de produtos e serviços pode crescer no curto prazo, mas é provável que caia mais para frente, com os players dominantes esmagando competidores menos bem-sucedidos em cada sub- área, deixando consumidores com menos opções no longo prazo.

Quem vencerá? É difícil dizer, mas acredito que quanto mais diversificada for a base da receita, melhor. Portanto, Snap, Facebook,  Google, Alibaba e a Apple, todas com a maior parte da base de receita vindas de negócios específicos, parecem mais vulneráveis que a Microsoft, Amazon e Tencent, que têm sua receita e lucro espalhados em diferentes fontes. Diversidade protege a empresa de choques de competitividade, tecnologia ou econômicos.

Esses gigantes estão sendo espertos — diversificando suas atividades em busca de crescimento, lealdade e amplificando o leque de risco. Entretanto, eles não podem vencer em todos os segmentos que entram, e, em um futuro próximo, nós ainda veremos muitos embates para conseguir posições no mercado.

O novo Watch do Facebook tomará o lugar do YouTube como maior serviço de vídeo da internet? Improvável. Mas o YouTube continuará a dominar essa área como tem feito nos últimos anos? Também improvável. Ao passo que as gigantes digitais se movem de ter um serviço dominante para um portfólio de dezenas ou até centenas de produtos e serviços, veremos uma mudança significativa no universo digital.

Tradução: Salvador Strano

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