Social Media é coisa de PR
Se durante décadas a publicidade se valeu da repetição à exaustão e da invasão da sala de visitas das pessoas, as relações públicas sempre foram mais orgânicas, procurando estabelecer um vínculo e começar uma conversa
Se durante décadas a publicidade se valeu da repetição à exaustão e da invasão da sala de visitas das pessoas, as relações públicas sempre foram mais orgânicas, procurando estabelecer um vínculo e começar uma conversa
Relacionamento, diálogo, influenciadores, engajamento, conteúdo, storytelling. As palavras da vez no vocabulário de quem trabalha com marketing e publicidade não têm nada de novo para outra turma da comunicação. Os profissionais de PR. Aliás, elas são tão antigas quanto a sua própria história.
Os três elementos principais de PR são: informar, influenciar e integrar pessoas com outras pessoas. Moderno, né? Só que eles foram definidos há mais de cem anos por um dos pioneiros da área, Edward Bernays. Nosso negócio é, e sempre foi, cultivar relacionamentos, seja onde for, muito antes de sonharmos com a existência de um ambiente digital.
Se durante décadas a publicidade se valeu da repetição de mensagens à exaustão invadindo a sala de visitas das pessoas, nós, profissionais de comunicação corporativa e PR, sempre fomos mais orgânicos. Partimos do princípio de que somos seres sociais. Procuramos estabelecer um vínculo e começar uma conversa com as pessoas. Sim, uma boa conversa, cheia de causos e histórias. Não é assim que criamos laços duradouros? Que fazemos amigos?
Por isso confesso que me incomoda, e muito, quando ainda vejo as mesmas táticas da velha publicidade sendo reproduzidas por marcas nas redes sociais. “Ei, você aí, me curta, me compartilhe, me compre, me ame!”. Posts “sexy”, textos engraçadinhos, carona no meme da vez que nada tem a ver com sua essência, um caminhão de dinheiro para impulsionar e invadir nossa timeline e está tudo resolvido. Interação, diálogo com as pessoas? Ah, é um trabalho menor, deixe com o estagiário.
Logicamente não existe reserva de mercado e qualquer um pode atuar nas redes, e essa é a beleza da coisa! Não se trata de definir quem deve ou não deve exercer uma atividade. Mas o mundo mudou – que bom! – e agora finalmente estamos vivendo a era em que conversar vale mais do que gritar. E, para quem passou a vida gritando, sem se preocupar em ouvir, em dialogar, em se relacionar, deve ser uma tarefa e tanto ter que encarar seu público de frente hoje nas redes sociais. Aliás, não é só nas redes sociais; é na vida. É onde as pessoas estão, na sala de casa, no parque, no ônibus, na mesa do bar. Relacionamento é mobile.
Por isso tenho convicção de que social media é, sim, coisa de PR. Porque social media é relacionamento, é conversa, é contar boas histórias, é gerar debate, é juntar as pessoas certas, é trabalhar com influenciadores que influenciam seus pares. Portanto, com todo o respeito aos grandes mestres da propaganda: na hora de atuar nas redes, vamos ser mais social e menos media.
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