Somos todos dinossauros assustados?
As grandes empresas de consumo têm um grande problema quando os hábitos dos consumidores se alteram em um curto período de tempo
As grandes empresas de consumo têm um grande problema quando os hábitos dos consumidores se alteram em um curto período de tempo
Se você atua no marketing de uma grande empresa de serviços ou de produtos de consumo deve ter parado para pensar quando um grande guru e ídolo do mundo dos negócios como Jorge Paulo Lemann, do 3G, soltou uma frase alarmante em uma raríssima entrevista: “Eu vivia naquele mundo aconchegante de grandes marcas e volumes grandes, em que nada mudava muito, e você podia só focar em ser mais eficiente e tudo ficava bem, e de repente nós estamos sendo alvo de disrupção de todas as formas. Sou um dinossauro assustado”. Uma frase impactante e consciente de uma pessoa com uma enorme capacidade e visão extraordinária, que se pronuncia como se estivesse conversando com um psicanalista e não com um jornalista. Eu parei sim para pensar no que ele aborda. Vejamos os fatos…
Mercados de massa eram e foram por muito tempo a única estratégia vencedora. Empresas e marcas se criaram e venceram neste universo. Serviços e processos se desenvolveram por necessidades destas empresas e marcas. Agências e egos cresceram em progressão exponencial. Veículos de mídia viraram ícones com esta situação. Mas nada é eterno… Marcas e empresas estabelecidas começaram a sofrer a disrupção nos negócios em que atuam. Aliás, setores inteiros; pense no UBER… mesmo que seja o exemplo mais óbvio de disrupção ajuda na metáfora do novo, do não aguardado, do não previsto… E agora, Jorge Paulo? Dá para re-treinar um dinossauro?
Pelo que eu me lembro, os dinossauros se extinguiram devido a uma interferência externa ao seu meio ambiente imediato. Será que as grandes marcas de produtos de consumo como conhecemos estão em processo de extinção como menciona ele? A disrupção mencionada é esta ameaça externa? Nas nossas empresas tratamos a inovação como um departamento ou como uma mentalidade? Como devemos agir neste novo mundo disruptivo? O hardware das grandes empresas de consumo e serviços (máquinas/marcas/investimentos) foi feito para existir em escala e não para segmentação e disrupção. E o software destas empresas (as pessoas) tem com certeza um perfil mais racional do que disruptivo. E aí, concorda?
Jorge Paulo, na sua sessão de análise em páginas impressas, também menciona que as pessoas querem produtos diferentes todos os dias. Mas este não é o princípio básico da inovação? Quando as empresas deixaram de priorizar isso? Será que na busca desenfreada pela eficiência não esquecemos de sempre ouvir quem mais importa…o tal do cliente? Será que alguns de nós não priorizamos o CFO ao invés do Seu João? Como podemos colocar a mentalidade de um venture capitalista (invisto em 10 startups e se uma delas virar unicórnio me dei bem!) nas grandes empresas? Vai valer a pena? O mundo dos negócios e das planilhas aceitará isso?
A verdade é que as grandes empresas de consumo têm sim um grande problema quando os hábitos dos consumidores se alteram em um curto período de tempo. Agentes de viagem e bancas de jornal já foram pontos de ajuda e referência para inovação. Hoje, isso está muito mais democrático, rápido e complicado. E, para piorar, as análises de big data introduziram uma nova perspectiva ainda mais atraente. Tudo junto e misturado!
Somos todos dinossauros assustados com a startup que está surgindo agora no Starbucks da esquina ou teremos a capacidade de evoluir a mentalidade reinante nas grandes empresas para poder trabalhar mais amigavelmente com segmentação e inovação? E aí, Jorge Paulo?
Compartilhe
Veja também