SXSW são muitos
Mistura atrativa de cultura, política, comportamento, marketing, inovação e música, South by Southwest provoca experiências que vão do entusiasmo à estafa, e confunde para abrir caminhos
Mistura atrativa de cultura, política, comportamento, marketing, inovação e música, South by Southwest provoca experiências que vão do entusiasmo à estafa, e confunde para abrir caminhos
Dos grandes festivais globais que atraem a atenção da indústria de comunicação, marketing e mídia, o South by Southwest (SXSW) é, provavelmente, o de agenda mais ampla e diversa. Os cerca de 50 mil participantes que passaram pelos vários endereços do evento em Austin, na semana passada, tiveram cada um uma experiência diferente, do entusiasmo à estafa. Manter-se como um caldeirão que mistura cultura, política, comportamento, marketing, inovação e música, entre muitos outros ingredientes, é parte do atrativo característico do SXSW, que confunde para abrir caminhos. Assim, mescla o New Order com pensadores de presença recorrente que tentam aliviar as tensões em relação aos enigmas do futuro e seu grau de imprevisibilidade.
A inebriante maratona de conhecimento mantém sua tradição ativista de discussão sobre a melhora da vida em sociedade, ao abordar temas que vão do empreendedorismo ao anticapitalismo, da urgência na aceleração do sa-neamento básico ao incentivo à mobilidade impulsionada pela energia limpa, do combate ao assédio à luta pela inclusão e valorização de profissionais de grupos minorizados.
Entretanto, o assunto dominante desta edição de 2023, praticamente onipresente após a disseminação do ChatGPT, foi o da dimensão humana supostamente ameaçada pelos recentes avanços da inteligência artificial generativa. Os debates, embora descartem cenários apocalípticos e apontem para a conclusão de que a inteligência artificial não chegará ao ponto de desenvolver consciência própria, não garantem um casamento saudável entre o humano e a máquina. A missão de mitigar os riscos, inclusive os éticos de manipulação em massa, está na intencionalidade dos seres humanos, que estão projetando e manejando a tecnologia.
Houve até a sugestão de mudança do termo para inteligência aumentada, para expressar melhor o poder dos algoritmos de aprimorar a criatividade e as capacidades humanas, mas não de substituí-las. A tese otimista prevê que a inteligência artificial — ou aumentada — nos ajudará a livrarmos das tarefas mecânicas e enfadonhas e dedicarmos mais tempo ao que dá prazer, inclusive no ambiente de trabalho, abrindo espaço para o que, no evento, foi chamado de maior exercício da humanidade.
Alguns dos SXSWs possíveis foram relatados nos mais de 200 textos publicados na semana passada no site especial www.meioemensagem.com.br/sxsw pela equipe de seis jornalistas do Meio & Mensagem e cerca de 80 colaboradores convidados para o blog Conexão Austin.
O festival é o evento que melhor sintetiza o conceito adotado neste ano por Meio & Mensagem para o seu projeto 100 Dias de Inovação: commerce, conexão e cultura. A jornada internacional começou em janeiro, na NRF Retail’s Big Show, em Nova York, seguiu em fevereiro para o Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, e fez sua parada final no South by Southwest.
Com seu espírito antimiopia, o 100 Dias de Inovação busca ser um farol apontado para o futuro da indústria, que pretende captar as tendências mais interessantes impostas pelo avanço da tecnologia e pelas transformações culturais, além de injetar doses de inspiração em nossos leitores.
É o que pretende a curadoria de conteúdo que resulta nas reportagens das páginas 28 a 33, que amplia os debates para uma audiência mais ampla do que os dois mil brasileiros que puderam estar em Austin na semana passada — marcando um novo recorde de presença nacional e confirmando a característica de avidez por novidade do País. Um grupo que volta a suas empresas nessa semana com espírito renovado e novas ideias, o que ajuda a manter acesa a chama da busca pela inovação que faz girar a engrenagem da indústria. O difícil será aplicar o tema deste ano do Tech Trends Report, tradicionalmente apresentado no SXSW pela futurista Amy Webb: foco. Escolher o que realmente importa implica em descartar parte do que se viu na mistura heterogênea do festival.
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